sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Leitura a duas vozes


No passado dia 13 teve lugar na nossa biblioteca, mais um serão literário de leitura a duas vozes que contou com a presença de professores, alunos e familiares, que leram para os presentes textos, alusivos à quadra natalícia que se avizinha e que deliciaram os ouvintes. Abaixo transcrevemos um conto da autoria de uma das leitoras, a professora Maria Júlia Bica, que amavelmente nos cedeu o conto para a sua publicação neste blogue.



O Natal da Avozinha

1ª neta – Como eram as festas de Natal quando eras pequenina, avozinha?
2ª neta – Pedias a barbie à tua mãe? E também a sua roupinha?
1º neto – E o avô, o que pedia ele? Um comboio eléctrico? Um carro?
2º neto – Não, talvez uma bicicleta, pelo que eu sei ele era um bom atleta!!!
Avó – Nada disso meus netinhos. Além de não haver nada disso que falaram, no meu tempo o Natal era já a mais linda festa, preparada com requintes e carinhos. Nenhuma outra era vivida como esta!
Netos – Conta, conta lá avó!
Avó – Eu andava radiante desde as vésperas, vendo minha mãe atarefada a preparar o Natal com muito AMOR!!!
1ª neta – O que fazia a tua mãe?
Avó – Fazia fritos, azevias, arroz-doce..., e o lume estava todo o dia aceso à chaminé, para se sentir calor. E eu, que ainda acreditava que era mesmo Jesus que descia pela chaminé e vinha trazer o meu presente, sonhava...sonhava...sonhava... O que será? Pensava. O que será que Ele me trará? Olhava assustada a chaminé; achava-a tão alta!!! Tão escura!!! E pensava:
E se Ele escorrega e catrapuz? E ao descer não ficará tisnado? Como eu temia o que poderia acontecer a Jesus!!!...
2ª neta – Ah! Então tu não sabias que eram os pais que compravam as prendas de natal?!
2º neto – Oh! Avó, tu não me digas que pensavas que Jesus ia descer a todas as chaminés?!!!
Avó – Claro que pensava, e hoje até tenho saudades do tempo em que nisso acreditava. Parece até que estou a ver-me na escola a recitar a poesia:

<
(a avó nova recita)
a noite é de neve fria
brilham mais as estrelinhas
mas já pelos céus descia

O Deus Menino  e sorria
a todas as criancinhas.

Menino Jesus, contente,
vai descer às chaminés
e caminha docemente
ninguém o vê, nem pressente
dormem todos os bebés.

Que lindas coisas doiradas
que presentes tão bonitos
que nem os sonham as fadas
abre as mãozinhas nevadas
e dá tudo aos pequenitos.

Não cabem nos sapatinhos
os brinquedos, ó Jesus
são pequenos os pezinhos.
mas deixa bolas, carrinhos
tudo o que é lindo e reluz.

Amanhã, de manhãzinha,
(que alegres, risos, contentes)
irá cada criancinha
correndo ansiosa à cozinha
buscar os lindos presentes.

Avó – Ah! Meus queridos netinhos, como eu recordo com saudade, o tempo em que era da vossa idade!!!
3º neto – Oh! Avó, desculpa lá mas eu acho um disparate não te terem dito a verdade!
4º neto – Ele tem razão, concordo plenamente com o meu irmão.
Avó – Eu vivi tão profundamente aquela situação, que não sou solidária com a vossa opinião. Na véspera de Natal íamos pôr o sapatinho à chaminé.
Eu e o meu irmão ficávamos ansiosos, rezávamos com fé.
E ficava a bater forte o coração.
4º neto – E quando é que vias os presentes?

Avó – De manhã, bem cedinho, mal acordávamos, lá íamos, pé ante pé, para vermos o que tínhamos no sapatinho.
Lembro-me que às vezes até pensava que, se fosse mais depressa, poderia encontrar Jesus, que Ele se atrasava.
E o coração batia... e a respiração faltava... e corria... corria...corria...
Foi muito bom ter tido este sonho, esta ilusão, embora tenha que vos confessar que sofri ao verificar que não era Jesus, mas sim os pais, a tia, um irmão...
3º neto – Oh! Avó, pelo que eu ouvi, nunca sabias o que tinhas no sapatinho?!...
4º neto – E ficavas sempre contente? Gostavas sempre do teu presente?
Avó – Os tempos eram outros!... ninguém era exigente!...
Quem quase nada tinha, ficava muito contente qualquer que fosse o seu presente.
Podem não acreditar, mas cheguei a ter no sapatinho apenas um chocolatinho,...uma caneca,... um rebuçado, ... um lencinho de assoar,... e, uma vez, ainda me lembro muito bem: <>.
4º neto – Oh! Avó, tens razão. Os presentes pouco importam.
3º neto – É preciso é ver em cada ser <>.
2ª neta – Com barbie...
1º neto – carro...comboio elétrico...
2ª neta – ou  dedal...
Todos – Temos que fazer de cada dia <<Um Dia de Natal>>

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