É bom ser branco
porque é branco o açúcar, tão
doce,
porque é branco o leite, tão
saboroso,
porque é branca a neve, tão
linda.
Mas certo dia o menino partiu numa grande
viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma
amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É bom ser amarelo
porque é amarelo o Sol
e amarelo o girassol
mais a areia da praia.
O menino branco meteu-se num
barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são
pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros
meninos pretos, dizia:
É bom ser preto
como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam para
toda a parte.
O menino branco entrou depois num
avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.
Escolheu para brincar aos índios
um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:
É bom ser vermelho
da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.
O menino branco foi correndo
mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de
camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:
É bom ser castanho
como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como um
chocolate.
Quando o menino voltou à sua
terra de meninos brancos, dizia:
É bom ser branco como o açúcar
amarelo como o Sol
preto como as
estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.
Enquanto, na escola, os meninos
brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia
grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.
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