quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

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A sua obra reflete a infância passada em Trás-os-Montes, num ambiente tradicionalista que ele fielmente retrata, embora sem intuitos moralizantes. O seu estilo natural, a simplicidade e candura de alguns dos seus personagens, fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto rústico português. Dedicou-se a uma intensa actividade pedagógica, na senda de João de Deus, tentando elucidar o cidadão português para a democracia. De seu nome completo José Francisco Trindade Coelho, nasceu em Mogadouro, em 18.6.1861. Aí fez os primeiros estudos, nomeadamente na área de Latim, com o apoio de dois padres.  Daqui seguiu para o Porto, onde fez em colégio, os estudos secundários.  A terceira etapa era Coimbra, onde concluiu o curso de Direito.  Embora os pais fossem ricos (a Mãe morreu ainda ele era jovem) a verdade é que ele chumbou no 1.' ano do curso de Coimbra e o Pai cortou-lhe a mesada, pelo que Trindade Coelho teve que arranjar forma de ultrapassar as dificuldades.  Começou a dar explicações e a escrever em jornais.  Entretanto casou e apareceu um filho, facto que mais complicou a sua vida, enquanto estudante.  Chegou a ter um esgotamento.  E ele próprio escreveria do ambiente Coimbrão: "aquela vida em que estive metido e que nunca se deu comigo nem eu com ela, mas em que nunca me dei razão porque lha atribuía a ela e a mim uma inferioridade que mais pesava por ser sincera".  Nesse período escrevia nos jornais com o pseudónimo de Belistírio.  Também fundou, nessa época, duas publicações: Porta Férrea e Panorama Contemporâneo.  Após a conclusão do curso permaneceu em Coimbra, como advogado.  Mas a clientela era pouca e ele enveredou pela carreira administrativa.  Ingressa na magistratura e é colocado como Delegado do Procurador Régio, na comarca de Sabugal.  Sabe-se que para obter esse lugar, foi precisa a «cunha» de Camilo Castelo Branco, que admirava, literariamente Trindade Coelho.  Sabe-se que valeu a pena porque foi Trindade Coelho um magistrado de elevadíssima craveira moral.  Foi depois transferido para a comarca de Portalegre.  Aí fundou dois jornais: Gazeta de Portalegre e Comércio de Portalegre.  Entretanto granjeara fama e os políticos da época quiseram fazer dele um deputado.  Como não podia candidatar-se pelo círculo onde trabalhava, foi transferido para Ovar.  A última etapa profissional foi Lisboa, onde não teve tarefa fácil por causa do Ultimato Inglês, durante o qual ele teve que fiscalizar a imprensa da capital.  Desgostado com as críticas que lhe faziam transferiu-se para Sintra, em 1895.  Chegou a ir a África (Cabo Verde) defender 33 presos políticos.  Ao fim de 3 meses regressou vitorioso, porque conseguiu libertar os presos, prendendo os acusadores.  Continuou a escrever nos jornais: Portugal, Novidades, Repórter e fundou a Revista Nova, onde publicou os Folhetos para o Povo.  Era um homem inconformado.  Nem a fama de magistrado, nem o prestígio de escritor, nem a felicidade conjugal conseguiam fazer de Trindade Coelho um cidadão feliz. À medida em que avançava no tempo mais se desgostava com a vida, pelo que o desespero o levou ao suicídio em 9.6.1908. Deixou uma obra variada e profunda, distribuída por quatro vertentes.  Jornalismo, carácter jurídico, intervenção cívica e literária.

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