domingo, 9 de maio de 2010

Histórias em quadradinhos


Numa folha de papel quadriculado passa-se cada coisa...
Às vezes, passam-se contas. É o mais normal. Nem sempre as contas batem certo, apesar dos quadrados quadradinhos, muito certinhos, terem sido feitos para contas muito bem contadas, certeiras, certinhas, acertadas.

Quando a conta não está certa, risca-se ou apaga-se. A folha quadriculada tudo consente, mas no fundo, é muito exigente.
Mas há mais: onde estão contas, podem estar contos...
Às vezes, numa folha de papel quadriculado, acontecem histórias. São estas as autênticas, as primeiras histórias em quadradinhos. Como a que vamos contar.

Numa folha de papel quadriculado dum caderno escolar, encontraram-se um quadrado, completamente quadrado, e um triângulo muito triângulo. E muito impertinente.
Dizia o triângulo para o quadrado:
- Estás sempre na mesma. És quadrado, só quadrado e, dês as voltas que deres, ficas sempre quadrado.

Pff! Que figura geométrica mais sem jeito. Que monotonia.
O quadrado calado, muito calado, só ouvia.
Continuava o triângulo:
- Eu sim, sou variável. Umas vezes faço-me triângulo equilátero. Outras, isósceles. Outras, escaleno. Sou um triângulo de muitas formas e feitios. Gosto de variar.

O quadrado calado, calado ficou. Então o triângulo arrebitado espevitou-o:
- Não dizes nada? Vê-se que estás amachucado com a minha sapiência, com a minha variedade. Não é assim, ó quadrado?

Então o quadrado não se conteve mais e ripostou:
- Vai falando, vai, triângulo presunçoso, mas olha que iguais a ti já eu tenho dois, cá dentro!
Então o triângulo ficou tão enfiado que pediu a uma borracha que o apagasse.



António Torrado

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