segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Concurso "Postais Digitais de Natal"

A Biblioteca do promoveu um concurso de “Postais digitais de Natal”. Foram vários e bonitos os postais elaborados, tornando a selecção dos dois melhores bastante difícil. Brevemente divulgaremos os nomes dos alunos cujos trabalhos forem premiados.
Desde já, agradecemos a participação de todos os alunos. 


Este mês sugerimos ver...

Dez anos depois da súbita morte do marido, Anna (Kidman) parece finalmente disposta a acabar o luto e começar uma nova etapa da sua vida. Aceita casar com Joseph (Huston), um homem que pacientemente a galanteou nos últimos anos. Mas subitamente começa a receber cartas que parecem escritas pelo falecido marido... e um jovem rapaz afirma ser a sua reencarnação.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Este mês podes ouvir...

Robert Peter Maximillion Williams (Stoke-on-Trent, Staffordshire, 13 de Fevereiro de 1974), mais conhecido como Robbie Williams é um cantor britânico de música pop. Alcançou o sucesso com a balada "Angels", de 1997, do álbum Life thru a Lens.
É um ex-membro do grupo pop Take That. Williams chegou à fama no início até meados da década de 1990. Depois de muitas discordâncias com a gestão e com os membros do grupo, Williams deixou o grupo em 1995 para lançar sua carreira solo. Em 15 de julho de 2010, foi anunciado que tinha voltado para o Take That e o grupo lançou o álbum Progress em novembro de 2010.
Williams já vendeu mais de 57 milhões de álbuns em todo o mundo. É o artista solo britânico de maior venda no Reino Unido e o artista de maior venda não-Latino na América Latina. Seis de seus álbuns estão entre os Top 100 que mais vendeu álbuns no Reino Unido. Foi honrado com dezessete prémios BRIT, mais do que qualquer artista e outros sete prémios ECHO. Em 2004, ele foi introduzido no Music Hall of Fame do Reino Unido depois de ter sido votado como o "maior artista da década de 1990".

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Este mês podes ler...

Em 1957 Fernando namora publica o romance O Homem Disfarçado, que provoca acesas e opostas reacções, tanto no meio médico como no meio intelectual.
Qual a possibilidade de trocarmos uma pele construída milimetricamente a cada gesto, escolha, omissão? Qual é a verdadeira pele? Até que ponto os movimentos mecânicos, a ganância, as disputas, a mesquinhez e o medo da dor vão minando nossos espaços como seres humanos?
Esses são os conflitos analisados num texto que é uma crítica contundente à banalização da doença nas relações diárias entre médicos, hospitais, pacientes e familiares.
O livro relata momentos da vida de João Eduardo, profissional bem sucedido dentro dos padrões vigentes, mas com a personalidade e os sentimentos pulverizados entre mundos inconciliáveis ou cujo ponto de contato ultrapassa sua capacidade de ação.

Porque o livro também fala da ação como agente transformador. E da incapacidade de agir que marca o nosso quotidiano.
Uma obra em que Fernando Namora revela todas as suas capacidades de verdadeiro romancista para escrever sobre o amor, a morte e os pequenos nadas da vida humana. Por muitos considerada como a obra-prima deste autor. Um brilhante romance psicológico.

Conheces o autor do mês...

Fernando Namora (Condeixa-a-Nova, 15 de Abril de 1919 - Lisboa, 31 de Janeiro de 1989) de nome completo Fernando Gonçalves Namora, médico e escritor português, autor de uma extensa obra, das mais divulgadas e traduzidas nos anos 70 e 80.
Licenciado em Medicina (1942) pela Universidade de Coimbra, pertenceu à geração de 40, grupo literário que reuniu personalidades marcantes como Carlos de Oliveira, Mário Dionísio, Joaquim Namorado ou João José Cochofel, moldando-o, certamente, como homem, à semelhança do exercício da profissão médica, primeiro na sua terra natal depois nas regiões da Beira Baixa e Alentejo, em locais como Tinalhas, Monsanto e Pavia, até que, em 1951, acabaria por se instalar em Lisboa - onde, curiosamente, muito jovem estudara no Liceu Camões -, como médico assistente do Instituto Português de Oncologia.
O seu volume de estreia foi Relevos (1937), livro de poesia, porventura sob a influência de Afonso Duarte e do grupo da Presença. Mas já publicara em conjunto com Carlos de Oliveira e Artur Varela, um pequeno livro de contos Cabeças de Barro. Em (1938) surge o seu primeiro romance As Sete Partidas do Mundo que viria a ser galardoado com o Prémio Almeida Garrett no mesmo ano em que recebe o Prémio Mestre António Augusto Gonçalves, de artes plásticas - na categoria de pintura. Ainda estudante e com outros companheiros de geração funda a revista Altitude e envolve-se activamente no projecto do Novo Cancioneiro (1941), colecção poética de 10 volumes que se inicia com o seu livro-poema Terra, assinalando o advento do neo-realismo, tendo esta iniciativa colectiva, nascida nas tertúlias de Coimbra, de João José Cochofel, demarcado esse ponto de viragem na literatura portuguesa. Na mesma linha estética, embora em ficção, é lançada a colecção dos Novos Prosadores (1943), pela Coimbra Editora, reunindo os romances Fogo na Noite Escura, do biografado, Casa na Duna, de Carlos de Oliveira, Onde Tudo Foi Morrendo, de Vergílio Ferreira, Nevoeiro, de Mário Braga ou O Dia Cinzento, de Mário Dionísio, entre outros.
Com uma obra literária que se desenvolve ao longo de cinco décadas é de salientar a sua precoce vocação artística, de feição naturalista e poética, tal como a importância do período de formação em Coimbra, mais as suas tertúlias e movimentos estudantis. Ao dar-se o amadurecimento estético do neo-realismo e coincidente com as vivências dos anos 50, enveredaria por novos caminhos, através de uma interpretação pessoal da narrativa, que o levaria a situar-se entre a ficção e a análise social. Os muitos textos que escreveu, nos diferentes momentos ou fases da vida literária, apresentam retratos com aspectos de picaresco, observações naturalistas e algum existencialismo. Independentemente do enquadramento, Namora foi um escritor dotado de uma profunda capacidade de análise psicológica, inseparável de uma grande sensibilidade e linguagem poética. Escreveu, para além de obras de poesia e romances, contos, memórias e impressões de viagem, com destaque para os cadernos de um escritor, que proporcionam um diálogo vivo com o leitor, a abertura a outras culturas, terras e gentes, a visão de um mundo em transformação, de uma realidade emergente, expressa em Estamos no Vento (Fevereiro de 1974).
Entre os muitos títulos que publica em prosa contam-se Fogo na Noite Escura (1943), Casa da Malta (1945), As Minas de S. Francisco (1946), Retalhos da Vida de um Médico (1949 e 1963), A Noite e a Madrugada (1950), O Trigo e o Joio (1954), O Homem Disfarçado (1957), Cidade Solitária (1959), Domingo à Tarde (1961, Prémio José Lins do Rego), Os Clandestinos (1972), Resposta a Matilde (1980) e O Rio Triste (1982, Prémio Fernando Chinaglia, Prémio Fialho de Almeida e Prémio D. Dinis). Ou, as biografias romanceadas de Deuses e Demónios da Medicina (1952). Além dos títulos já referidos, publicou em poesia Mar de Sargaços (1940), Marketing (1969) e Nome para uma Casa (1984) . Toda a sua produção poética seminal foi reunida numa antologia(1959) denominada As Frias Madrugadas. Escreveu ainda sobre o mundo e a sociedade em geral, na forma de narrativas romanceadas ou de anotações de viagem e reflexões críticas, sendo disso exemplo Diálogo em Setembro (1966), Um Sino na Montanha (1968), Os Adoradores do Sol (1971), Estamos no Vento (1974), A Nave de Pedra (1975), Cavalgada Cinzenta (1977), URSS, Mal Amada, Bem Amada e Sentados na Relva, ambos de (1986). Porém, foram romances como os Retalhos da Vida de um Médico, O Trigo e o Joio, Domingo à Tarde, O Homem Disfarçado ou O Rio Triste, que vieram a ser traduzidos em diversas línguas, tendo inclusive, em 1981, sido proposto para o Prémio Nobel da Literatura, pela Academia das Ciências de Lisboa e pelo PEN Clube.
Sendo talvez uma das suas obras mais conhecidas, Retalhos da Vida de um Médico, foi a primeira a ser adaptada ao cinema, por intermédio do realizador Jorge Brum do Canto (em 1962, filme seleccionado para o Festival de Berlim), seguindo-se a série televisiva, da responsabilidade de Artur Ramos e Jaime Silva (1979-1980).
O Trigo e o Joio foi adaptado para o cinema em 1965, por Manuel Guimarães, com Manuel da Fonseca. Do mesmo realizador, para televisão e em 1969, tem-se Fernando Namora.
Domingo à Tarde (seleccionado para o Festival de Veneza), foi realizado por António de Macedo em 1965 e contou com actores como Isabel de Castro, Ruy de Carvalho e Isabel Ruth.
Em 1975, surge Fernando Namora – Vida e Obra, realizado por Sérgio Ferreira. Também em 1975 Namora colaborou na publicação periódica Jornal do Caso República (1975)

A Noite e a Madrugada, de 1985, deve a sua realização a Artur Ramos. Resposta a Matilde, de 1986, foi adaptado a televisão por Dinis Machado e Artur Ramos', com a participação de Raúl Solnado e Rogério Paulo. Em 1990, regista-se O Rapaz do Tambor, curta metragem de Vítor Silva.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Natal em que fiquei rica

Ser pobre e satisfeito é ser rico. E bastante rico.
William Shakespeare

Havia uma árvore naquele Natal. Não tão grande e frondosa como outras, mas estava pejada de enfeites e tesouros e resplandecia de luzes. Havia presentes, também. Alegremente embrulhados em papel vermelho ou verde, com etiquetas coloridas e fitas. Mas não tantos presentes como de costume. Eu já tinha reparado que a minha pilha de presentes era muito pequena.
Nós não éramos pobres. Mas os tempos eram difíceis, os empregos escassos, o dinheiro à justa. A minha mãe e eu partilhávamos uma casa com a minha avó e com os meus tios. Naquele ano da Depressão, toda a gente espaçava refeições, levava sanduíches para o trabalho e ia a pé para poupar nos bilhetes de autocarro. Anos antes da Segunda Guerra Mundial, já vivíamos no dia-a-dia, como muitas outras famílias, o que então se iria ouvir como slogan: “Usa-o, aproveita-o ao máximo; faz com que funcione, ou passa sem ele.”
Havia poucas escolhas. Compreendia pois porque era tão pequeno o meu monte de presentes. Compreendia, mas sentia, ainda assim, uma ponta de pesar à mistura com um complexo de culpa. Sabia que não poderia haver surpresas empolgantes naquelas poucas caixas vistosamente embrulhadas. E sabia que uma delas tinha um livro. A minha mãe arranjava sempre um livro para mim. Mas nada de vestidos novos, camisolas ou um roupão acolchoado e quentinho. Nenhum dos miminhos tão desejados na altura do Natal…
Havia uma caixa com o meu nome da parte da minha avó. Guardei-a para o fim. Talvez fosse uma camisola nova, talvez um vestido — um vestido azul. A minha avó e eu gostávamos ambas de lindos vestidos e de todas as tonalidades de azul. Soltando os devidos “Ohs” e “Ahs” ao ver a aromática barra de sabonete feito de mel, as luvas vermelhas, o já esperado livro (um novo da Nancy Drew!), rapidamente cheguei àquele último embrulho. Dei por mim a sentir uma centelha do entusiasmo do Natal… Era uma caixa bastante grande. Com vergonha de mim mesma por ser tão gananciosa, por esperar receber um vestido ou uma camisola (mas esperando na mesma!), abri a caixa.
Meias! Só meias! Soquetes, meias altas, até mesmo um par daquelas meias horrorosas de algodão branco que estavam sempre a escorregar e se enrodilhavam em volta dos joelhos.
Esperando que ninguém tivesse dado conta do desapontamento, peguei num dos quatro pares e agradeci à minha avó, com um grande sorriso. Ela também sorria. Não com o seu sorriso educado e distraído de “Sim, querida,” mas com o seu sorriso feliz e radiante, de “Isto são coisas importantes para uma mulher!” Será que me esquecera de alguma coisa? Olhei de novo para a caixa no chão — nada, a não ser as meias. Só que agora eu conseguia ver que havia outro par por debaixo do que eu tinha pegado. Duas camadas de meias. E mais uma! Três camadas de meias!
A sorrir de verdade, comecei a retirá-las da caixa. Meias cor-de-rosa, meias brancas, meias verdes, meias de todos os tons inimagináveis de azul. Toda a gente estava a olhar, rindo comigo, enquanto eu atirava as meias ao ar e as contava. Doze pares de meias!
Levantei-me e dei um abraço tão apertado à minha avó que até nos doeu às duas. “Feliz Natal, menina Joan!” disse ela. “Agora, todos os dias, terás muitas escolhas a fazer. Estás rica, minha querida! ” E era verdade. Naquele Natal e durante todo o ano, todas as manhãs, eu escolhia do meu elegante armário da roupa interior qual o par de meias a usar. E sentia-me rica. E ainda sinto!
Mais tarde, a minha mãe disse-me que a minha avó tinha andado a esconder aquelas meias durante quase um ano — poupando todas as moedinhas, comprando um par de cada vez. Um dia, tendo visto um lindo par de meias azuis com as beiras elásticas bordadas à mão, ela pedira mesmo ao compreensivo vendedor para deixar um sinal a reservá-las durante três semanas.
Dentro daquela caixa estava embrulhado um ano de amor.
Foi um Natal que eu nunca esquecerei.
A prenda da minha avó mostrou-me como as pequenas coisas podem ser importantes.
E como o amor nos faz a todos imensamente ricos.

Joan Cinelli
Jack Canfield & Mark Victor Hansen
Chicken Soup for the Soul – Christmas Cheer

Chicken Soup for the Soul Publishing, LLC, 2008


(Tradução e adaptação)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Este mês podes ouvir...

Pearl Jam é uma banda norte-americana de rock alternativo, formada no ano de 1990 em Seattle, Washington. Desde sua origem, sua formação incluiu Eddie Vedder (vocais, guitarra rítmica), Jeff Ament (baixo), Stone Gossard (guitarra rítmica) e Mike McCready (guitarra solo), passando por mudanças na bateria, sendo Matt Cameron, que também compõe o Soundgarden, o atual baterista da banda.
Formada após a dissolução da Mother Love Bone, banda anterior de Ament e Gossard, o Pearl Jam estoirou no mainstream com seu primeiro álbum, Ten. Uma das bandas-chave do movimento grunge dos anos 90, o Pearl Jam foi criticado em seu início, sendo estereotipado como um grupo com propósitos somente comerciais. Todavia, através da carreira da banda, seus membros se tornaram notados pela sua recusa por aderir às tradicionais práticas da indústria musical, incluindo a recusa em produzirem videoclipes e o engajamento em um boicote contra a Ticketmaster. Em 2006, a Rolling Stone descreveu a banda como tendo "gastado muito da última década deliberadamente tentando destruir sua própria fama."

Desde sua formação, a banda já vendeu mais de 60 milhões de álbuns em todo o mundo. A banda Pearl Jam já superou diversos de seus contemporâneos do rock alternativo do começo dos anos 90, sendo considerada uma das bandas mais influentes da década. O Allmusic se refere ao Pearl Jam como "a banda americana de rock & roll mais popular dos anos 90."

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Quem sabe é o jardineiro


Era uma vez um rei que tinha, à roda do palácio, onde vivia, um enorme pomar muito bem tratado. Imensos jardineiros cuidavam desse pomar, que era a vaidade do rei.
Árvores de fruto de todas as espécies, algumas vindas de terras distantes, transformavam, na Primavera, o pomar num jardim magnífico, onde sobressaíam o cor-de-rosa, o azul, o branco e o amarelo das flores, sobre o verde fresco das folhas.
E, quando os frutos começavam a ganhar forma, o perfume que inundava o pomar quase entontecia.
Estava, um dia, o rei a mostrar o pomar a uns primos, príncipes de reinos vizinhos, quando viu, caídos de um pessegueiro uns tantos frutos meio apodrecidos.
Mandou logo chamar o chefe dos jardineiros e perguntou-lhe, muito irritado:
— Explique-me este desleixo. Quem é o responsável?
— Foram os pássaros, Majestade, que bicaram os frutos mais apetitosos — explicou o jardineiro.
— Pássaros? — exclamou o rei. — Como se atrevem a entrar nos meus domínios e a bicar as minhas riquezas?
— Os pássaros têm asas e não conhecem muros — respondeu o jardineiro.
— Pois vou eu ensiná-los — indignou-se o rei.
— Que podem os pássaros contra mim?
E o rei foi para o palácio, onde ditou um decreto para ser espalhado pelo reino, em que mandava matar todos os pássaros, passarinhos e passarocos, sem escapar um. As ordens do rei tinham de se cumprir. Foi uma mortandade.
No ano seguinte, realmente, já não havia pássaros atrevidos a bicar nos frutos do pomar real. Mas, em contrapartida, uma praga aflitiva de lagartas e insetos destruiu as colheitas, minou os frutos, empobreceu o reino.
— Como se explica isto? — perguntou o rei ao jardineiro. — Depois de guerrearmos os pássaros, temos agora de guerrear os mosquitos e as lagartas. Como se dá batalha às lagartas?
Sorrindo, o velho jardineiro respondeu:
— Para guerrear as lagartas, temos de nos aliar aos pássaros. São eles que as comem, mais às larvas e a todos os bichinhos miúdos da natureza.
— Podias ter explicado isso mais cedo — comentou o rei, fazendo-se esquecido.
Logo ali mandou anular o decreto, que tinha apagado as asas dos céus do reino. Os pássaros já podiam, de novo, voar livremente. E poisar onde lhes apetecesse.
Assim é que estava certo.



António Torrado

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Poema de outono

Poema de Outono

Quero apenas cinco coisas. 
Primeiro é o amor sem fim 
A segunda é ver o outono 
A terceira é o grave inverno 
Em quarto lugar o verão 
A quinta coisa são teus olhos 
Não quero dormir sem teus olhos. 
Não quero ser... sem que me olhes. 
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

Pablo Neruda

Concurso Nacional de Leitura


Regulamento da 1ª fase 

1º Objectivo do Concurso
O Concurso Nacional de Leitura é promovido pelo PNL e é constituído por 3 fases. A primeira fase decorrerá a nível da escola com vista a seleccionar os três candidatos (por categoria) que representarão a escola na 2ª fase do concurso (fase distrital) nas categorias de alunos do 3º ciclo e do ensino secundário.

2º Inscrições
A participação no concurso obrigará a uma inscrição prévia, em formulário próprio disponibilizado na Biblioteca, a entregar no mesmo local até ao dia 2 de dezembro.

3º Livros seleccionados
3º Ciclo
a. “O rapaz do pijama às riscas”, de John Boyne;

b. “O gato que ensinou uma gaivota a voar”, de Luís Sepúlveda.

Secundário
a.                  “O Leitor”, de Bernhard Schlink.
b.                  Crónica dos bons malandros”, de Mário Zambujal.

4º Prova e método de selecção
1. A seleção será realizada com base numa prova que terá ligar no dia 9 de Janeiro pelas 16h50 na respetiva biblioteca e consistirá numa prova escrita com a duração de 45 minutos, que será constituída por um questionário de escolha múltipla e por eventuais comentários pessoais redigidos pelos participantes sobre um dos livros previamente escolhido na altura da inscrição. Serão selecionadas as 3 melhores provas de cada categoria para a fase seguinte.
Esta seleção será feita por um júri constituído por 3 professores;
2. Não haverá recurso das decisões do júri.
Para mais informações consultar o regulamento do concurso ou a coordenadora da biblioteca.
P

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Este mês podes ler...


Mia Devlin sabe o que é amar alguém de todo o coração... e depois ver esse alguém partir sem olhar para trás. Há muitos anos atrás, ela e Sam Logan partilharam laços incrivelmente fortes,construídos pela paixão e fortalecidos pela magia. Mas, certo dia, ele fugiu da Ilha das Três Irmãs, deixando-a sozinha e perdida em dolorosas lembranças. Foi então que Mia decidiu que nunca mais ia amar. 
Agora, cansado do mundo e saudoso de casa, Sam regressa à ilha com um único objectivo: reconquistar o amor da sua juventude. Mas o que encontra já não é uma rapariga apaixonada. É uma mulher adulta, independente e magoada. E apesar da química entre eles continuar a ser verdadeira, Mia recusa-se a aceitar que ainda exista amor no seu coração. 
Mas a Ilha das Três Irmãs tem tanto de belo como de sombrio. E para desfazer uma terrível maldição com vários séculos, Mia vai precisar da ajuda de Sam, e aprender que, por vezes, só o amor pode fazer frente às trevas.

Conheces o autor do mês...

Uma das escritoras mais lidas e prestigiadas do mundo, Nora Roberts nasceu em Silver Spring, Maryland, a mais nova de cinco filhos. Depois de um vida escolar que incluiu algum tempo num colégio católico sob a disciplina das freiras, casou-se cedo e foi viver em Keedysville, Maryland. Trabalhou por algum tempo como secretária. "Eu sabia datilografar depressa mas não sabia escrever bem, fui a pior secretária de sempre", diz Nora agora. Depois de ter tido filhos, ficou em casa e experimentou todas as artes que lhe apareceram. Uma tempestade de neve e vento, em Fevereiro de 1979, obrigou a sua mão a experimentar outras saídas criativas. Estava sobrecarregada com uma criança de três anos e outra de seis, sem o alívio temporário de um jardim da infância em vista, e com uma provisão de chocolate que ia diminuindo. Nascida numa família de leitores, Nora não conheceu tempo algum em que não estivesse a ler e a inventar histórias. Durante a famosa tempestade de neve e vento, pegou num lápis e num caderno de notas e começou a escrever uma dessas histórias. Estava escrito que uma carreira tinha nascido. Depois de muitos manuscritos e rejeições, o seu primeiro livro, Irish Thoroughbred, foi publicado pela Silhouette em 1981.
Escritora metódica e insaciável, Nora já publicou mais de 160 romances, a maior parte no género suspense romântico, traduzidos para 25 idiomas e editados em todo o mundo. Sua alta popularidade como romancista advém do grande talento que possui para sensibilizar o leitor ao escrever narrativas de suspense que também falam sobre turbilhão de emoções que acontecem quando entramos em contato com nossos sentimentos mais profundos, principalmente amor e paixão.
As suas histórias prendem o leitor com temas explícitos e intensos, descritos de forma clara e objetiva, passando uma mensagem curta e rica em detalhes. Os capítulos de seus livros são longos, e poucos, em média apenas 12. As paisagens descritas nos levam a viajar do México aos subúrbios de Washington, com certa suavidade e exatidão que sonhamos acordados, ou temos pesadelos!
Nora conheceu o seu segundo marido, Bruce Wilder, quando o contratou para que lhe fizesse umas prateleiras para livros. Casaram-se em 1985. Desde aí eles expandiram o seu lar, viajaram pelo mundo e abriram uma livraria juntos. Ao longo dos anos, Nora esteve sempre rodeada de homens. Não era apenas a mais nova da família como também era a única menina. Criou dois filhos. O facto de ter passado a vida rodeada de homens deu-lhe uma visão razoavelmente boa do funcionamento da mente masculina, o que é um constante deleite para os seus leitores. Foi, tal como ela é citada por dizer, uma escolha entre decifrar os homens ou fugir dali a gritar. Nora é membro de vários grupos de escritores e ganhou muitos prémios concedidos pelos seus amigos e pela indústria editorial.

Algumas das suas obras mais conhecidas são: Série Mortal, O Amuleto, Trilogia da Gratidão, Segredos, Trilogia do Sonho.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Concurso "Postais Digitais"


CONCURSO DE POSTAIS DIGITAIS DE NATAL

REGULAMENTO

1. O concurso de postais digitais de Natal é dinamizado pela Biblioteca Escolar e destina-se à elaboração de postais (JPEG, SWF, TIFF, BMP, …) alusivos ao tema.
2. A participação é individual e destina-se a todos os alunos da ESAIC.
3. O postal deverá ter um formato 10x15 cm.
4. Os trabalhos deverão ser originais e inéditos e serão escolhidos de acordo com os seguintes critérios de selecção:
a- Adequação ao tema;
b- Criatividade, originalidade e inovação;
c- Qualidade gráfica.
5. Cada concorrente poderá apresentar apenas uma proposta.
6. A entrega dos trabalhos é feita através do envio para o email da biblioteca (biblioteca@esaic.pt) com o assunto “Postais de Natal” acompanhado do nome, número, ano e turma dos concorrentes.
7. A data limite para a entrega dos trabalhos será o dia 9 de Dezembro.
8. O Júri será constituído por dois professores, de Educação Visual e Informática, e pelo coordenador da equipa da Biblioteca
9. Todos os trabalhos serão publicados no blogue da biblioteca.
10. Haverá um prémio para o primeiro classificado a entregar em data a designar.
11. Os casos omissos e as dúvidas de interpretação deste regulamento serão resolvidos pelo Júri.

A Equipa da BE

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Este mês podes ver...

O mundo protegido de Charlie Banks (Jesse Eisenberg) na faculdade é estremecido quando Mick (Jason Ritter), um velho conhecido com um passado violento aparece, inesperadamente. Intrigado pelo estilo de vida privilegiado de Charlie, o carismático Mick depressa conquista os seus amigos e a sua paixão, Mary (Eva Amurri), à medida que suavemente se integra na sua vida. Enfraquecido, contudo também em estado de admiração com a facilidade de sedução de Mick, os sentimentos não resolvidos de Charlie de ciúme, admiração e medo – assim como um segredo não pronunciado entre os dois – ameaçam chegar a um ponto com consequências ruinosas.Estreia na realização de Fred Durst, vocalista dos Limp Bizkit, esta “história evocativa sobre a maioridade” (Simi Horowitz, Back Stage), conta também com as participações de Christopher Marquette e Sebastian Stan.

Formação de utilizadores

Como vem sendo habitual nos últimos anos, durante o mês de Outubro, os alunos das várias turmas que se encontram no seu primeiro ano nesta escola, 7.º e 10.º anos, efetuaram uma visita guiada à Biblioteca Escolar da Escola Secundária António Inácio da Cruz.
A iniciativa teve como objetivo dar a conhecer o espaço e testar a capacidade dos alunos na localização dos variados recursos existentes na biblioteca.
Durante a realização da atividade os alunos tomaram conhecimento sobre algumas regras da BE e o seu modo de funcionamento. Esta atividade decorreu num clima de entusiasmo e entreajuda, pelo que podemos afirmar que as visitas foram um sucesso!





segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Dia de S. Martinho

Teve lugar na nossa escola a atividade "Poesia com castanhas" à qual aderiram as turmas do 7ºC e do 8ºC.
Alguns alunos daquelas turmas leram para os seus colegas algumas quadras e poemas alusivos à efeméride do S. Martinho.




sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Dia Mundial da Alimentação

No passado mês de outubro esteve patente na nossa biblioteca uma exposição subordinada à comemoração do Dia Mundial da Saúde. Nesta exposição, realizada com trabalhos efetuados pelos alunos das turmas do 9.º ano, salientaram-se as vantagens de uma alimentação saudável.






terça-feira, 11 de junho de 2013

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Visita da escritora Inês Lampreia

No passado dia 3 de junho, esteve presente na nossa biblioteca a autora de alguns contos, Inês Lampreia, para desenvolver atividades de promoção da leitura e da escrita.


Num primeiro momento, a autora, respondeu às questões colocadas por alguns alunos do 10.º ano, sobre a criação literária e os diferentes processos de publicação e divulgação de textos literários. Seguiu-se uma atividade de escrita criativa em que todos os alunos participaram, o que transformou este momento numa tarde culturalmente muito enriquecedora.


À escritora Inês Lampreia o nosso agradecimento pela partilha da suas experiências assim como a sua 
simpatia e disponibilidade.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Encontro com Inês Lampreia

É já na próxima segunda-feira, dia 3 de junho, que a nossa biblioteca receberá a visita da escritora Inês Lampreia para um encontro com turmas do 10º ano da professora Ana Brissos Pereira.
Inês Lampreia (Lisboa/1979), recebeu a sua primeira máquina de escrever aos 12 anos e desde então a escrita tem sido uma constante. Publicou pela primeira vez em 2010 o conto “Dias no Escafandro” pela Edições Pasárgada e recebeu o 2º prémio para conto literário da Casa do Alentejo com a história “Cinco Dedos de Cortiça”, em 2011.

Formada em Jornalismo, mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação, conta com um percurso profissional variado. No jornalismo, os seus trabalhos destacam-se nas áreas da cultura e ciência. Entre outras experiências, editou durante quatro anos a revista VEGA. Foi directora de produção do MONSTRA – Festival de Animação de Lisboa entre 2009 e 2011 e conceptualiza e desenvolve projectos no âmbito das metodologias pedagógicas alternativas nas áreas da poesia visual e códigos de linguagem, ao longo dos últimos dez anos, na Fundação Calouste Gulbenkian e em outros espaços. Escreveu recentemente um guião sobre os indigentes, massacres e episódios obscuros da cidade de Lisboa para a Ghost Tour Portugal e prepara neste momento o seu primeiro romance.

Abaixo poderá ler a história "Cinco Dedos de Cortiça"

Cinco dedos de cortiça

O pincel varria lentamente a unha deixando verniz cor de sangue apegar-se. Lá fora o vento também deslizava ao longo do montado. Esta era a unha do dedo mata-piolhos da mão esquerda de Albertina. O vento, esse, vinha do mar dizendo que o Outono chegara.
Albertina pousou o frasquinho de verniz, deslizando a mão de imediato para a mesa que lhe servia de bengala todas as manhãs. Incidiu o corpo sobre a mesa de camilha e arrastou os pés até à janela de onde mirou o sobreiro. Eram perto das 6 da manhã.
A unha do dedo mata-piolhos da mão esquerda de Albertina parecia existir em dois mundos distintos. Metade sustentava uma lágrima vermelha, cor de sangue. “Tal qual um rio púrpura”, pensou Albertina. A outra mantinha a unha encardida. Albertina sorriu e voltou a mirar o sobreiro. Suspirou e de novo arrastou o corpo, rojando os pés até à mesa de camilha. Deixou-se cair na poltrona, pegou no frasquinho de verniz e, novamente, fez deslizar o pincel. Absorta no silêncio matinal, que só os melros perturbavam ligeiramente, pensou:
Se o meu pai aqui estivesse, não seria pintada, não! Eras malino que nem uma vaca brava! Naquele tempo ou se tinha ardósia ou a enxada na mão. A mim calhou-me a enxada. As meninas de ardósia eram poucas e leitosas. Não havia nesga de sol que lhes chegasse à cara. Hum! Caras pálidas que nem lixívia. Já eu parecia saída de uma pocilga. Sempre encardida… ainda pareço! Olha-me estas mãos, Albertina! Olha-me
p’ra isto?!... Ora, são as de quem tem o campo nas unhas!
Pois é… não tínhamos terra, mas tivemos sempre mãos para a labuta, não fosse o meu pai agricultor.”Se querem comer têm de trabalhar”, dizia ele. A mim, com cinco anos, e aos meus irmãos. A eles pesava as agruras da terra. Eu lá arrancava o pasto. Ficava para trás enquanto as mulheres mondavam. E à falta de brincadeira, sempre arranjava pretexto para olhar uma libelinha que esvoaçava, corria atrás de um lagarto fugidio ou colhia as palhinhas secas para fazer tranças na boneca de pano que a Maria me deu.
Coitada da minha querida irmã, mal tinha tempo para dormir mesmo assim fez-me aquela boneca. Só tive aquela, também. Encardiu num instante… Ai! A pureza de criança permite tudo, até viver a miséria sem aviso!
Mas eu era rabina… Punha a infusinha à cabeça e ia buscar água à fonte. Ajudava no que podia, pois o pai, ruim como as cobras, não me podia ver quieta. A escola era uma miragem. Não tinha ardósia... Mas aos sete anos já andava atrás das moçoilas, não as largava p’ra que me ensinassem as primeiras letras. De pouco serviu, pois levo uma eternidade a ler as contas da água que me chegam a casa.
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Os pensamentos de Albertina foram surpreendidos pela batida na janela. Lá fora estava a vizinha Paula. Albertina pousou o frasquinho de verniz na mesa, voltou a fazer o curto caminho e de mãos encarquilhadas abriu a janela.
- Então, moça?! – disse de soslaio.
- Bom dia, ti’ Albertina! Que tal vai isso? – respondeu vivamente Paula.
- Vai-se indo. De velha não passo. E tu?
- Ora! Vou bulir. Que é que se há-de fazer?! Tem que se ganhar a vida! – olhou o horizonte e enlaçando os braços acima do peito, prosseguiu - Vizinha, então não ouviu dizer que a ti Custódia morreu? Não é que ontem estava a ir p’ra casa e a mulher vinha da horta? Já viu isto? Afinal está viva!
- Ah, moça, aqui nesta terra morre-se muitas vezes! As pessoas não têm nada p’ra fazer!
- E a ti’ Albertina não vai até ao centro, hoje? Também ouvi dizer que tem lá um amigo… - indagou Paula com um ar matreiro.
- Moça? Não ias trabalhar? Ou o teu trabalho é dar à língua? A minha irmã Maria, que Deus tem, era muito inteligente, dizia que o que as pessoas mais têm é malícia.
- Ai, ti’ Albertina! Não foi por mal!
- Pois, pois. Vai andando, vai andado. – disse Albertina fechando a janela bruscamente.
Paula, indignada, pôs-se a caminho remoendo palavras.
- Jacinto, se estivesses aqui, não me chagavam o juízo! – lamentou Albertina. Mais uma vez, arrastou os pés até à mesa de camilha e deixou-se cair na cova da poltrona que continha a forma das suas costas de tantos anos as suportar, horas a fio. Albertina pegou no frasquinho de verniz e decidiu pintar o dedo fura-bolos da mão esquerda. Enquanto molhava o pincel na tinta vermelha…
Sofreste de tanta chacota, Albertina. Ai! É preciso uma vida inteira p´ra ganhar forças para tanta mofa. Mas, em moça não tinha força. Se a minha mãe me tem dito mais cedo, havia de bradar a todos assim como um leão. Só que dizem que o silêncio é rei quando não se quer pôr a verdade a descoberto. Ai isso é!
Bem me lembro. Tinha os meus onze anos quando fui para a apanha da azeitona. Havia lá um moço, linguarudo, que mal soube que era filha do Zacarias começou a troçar de mim. “És como uma sela à marialva! Não tens borrainas!”, dizia. Não percebia o que queria. Ingénua. Nunca tinha maldade e naquele tempo falava-se muito, mas era só barulho para pássaros. Dizer-se as coisas lá de dentro, do fundo das entranhas, não era hábito.
Cada vez que o moço linguarudo abria a boca ficava rosada e encapuçava-me toda. E nem pensar em levar a troça p’ra casa, pois nunca se sabia o que ia aprontar o pai.
Assim, não demorou muito para me tornar afoita. Mal diziam o meu nome, já as orelhas me cresciam como as da lebre. “És casta de uva preta”, “Olha, o cabo de atracar vergas!” continuava o moço, dias a fio. Decidi tirar aquilo a limpo e enquanto descobria o que cada palavra significava, fui-lhe dando coices. Sempre que ele se aproximava com um sorriso lânguido cá para o lado da minha apanha, ajeitava de mansinho todos os provérbios que a minha mãe costumava dizer.
“Então moça, já és cá da nossa espécie? Ah!Ah!Ah!”, dizia-me ele e logo de arremessa lhe mandava :
- “Diz outra como essa e ganhas uma peça!”
- Ai que a menina tem língua, afinal?! – respondia o moçoilo.
-Ora, conforme o toque assim é a dança! Vai dar bolota aos porcos, que eu não te aturo!
Com o tempo ganhei firmeza e alento. De tal forma foi que fiquei apelidada de Tina Zurra, mas assim os maldizentes e linguarudos meteram-se na toca. Não foi, contudo, tão bem conseguido o meu encontro com o saber das palavras. É que o moço tinha razão e era bastarda de nascença! O meu pai, danado como uma fuinha, não passava de meu padrasto, ouvi eu a mãe dizer numa noite de briga. Enfim, tinha a senhora minha mãe andado com uma barriga de água durante meses e quando a lua virou saiu-lhe esta gaiata. A vergonha era mais que muita e logo se arrumou o casório com o Zacarias, homem pobre de espírito, que não saía da cepa torta. Daí em diante, nasceram meus irmãos, mas, eu, afinal, era bastarda.
Albertina olhou para o dedo pai-de-todos da mão esquerda, esfregou-o como se quisesse alisar os grumos que ornam a unha visivelmente deformada. Pegou o pincel cheio de verniz, molhou e encostou na borda do frasco várias vezes, enquanto fitava a unha.
Pensou:
Agora é a tua vez. És feia, pavorosa, mas forte que nem um casco. Podiam ter-te arrancado 100 vezes que havias de voltar. Cada vez mais feia, cada vez mais leprosa, mais grossa e deformada. E apesar disso a persistir. Tal qual eu. Inteiriçada, dura… que nem tronco de sobreiro.
Andava-se de cabeça agachada, olhos prostrados na terra, a voz sumida atormentavanos o espírito, mas pouco mais do que uma zanga interna ressoava. Não se podia falar com ninguém e qualquer deslize de liberdade fazia-nos ser escopo. Só quando caminhávamos ao alvor para pegar na monda de sol a sol, as mulheres falavam.
“Agente tem de se juntar!”, dizia a Ti’ Custódia. “Moças, hoje às 6 da tarde paramos de trabalhar. Não é justo!”, rematava a Ti’ Antónia. As outras assentiam.
Eu era mulherzinha, mas já compreendia a revolta. Nos outros e em mim. Não tinha o entendimento claro do que se passava e não me atrevia a dizer à mãe as conversas que tinham as mulheres durante a caminhada, mas roíam-me cá por dentro as injustiças!
Por isso, dava conta de todas as manigâncias e quando dei por mim, ia às reuniões nocturnas. Falava-se de revolução e os pensadores engendravam trabalhos. Ajudava a esconder os fugidos, passava informações nos montados e até distribuía jornais. Fazia de tudo para ver a mudança. Mas, ela era lenta, tal como nós a ver a vida acontecer-nos.
Numa dessas noites, reuníamos no monte Branco, em casas abandonadas, quando rebentou a porta e entraram guardas. Éramos mulheres, homens e crianças aos berros, fugindo pelo campo fora, naquele breu aterrador. Vi um gaiato aterrorizado por um guarda e a pobre mãe a deixar-se prender para o soltarem. Mais parecíamos carneiros desnorteados. Corri tal como uma lebre cega. Mas na escuridão que nos salve o morcego! Caí no meio de silvas e, para além de picos, ganhei algemas.
Já tinha ouvido falar da choldra e foi para lá que me levaram, como a um saco de batatas. Primeiro para a cela da vila, depois da cidade e, por fim, a prisão. Senti, pela primeira vez o medo ao encontrar-me dentro de quatro paredes brancas. A luz intensa ardia-me os olhos e o temor ganhou forma de labirinto sem explicação.
Passa-nos tudo pela cabeça, principalmente, falar. Aliás, isso, não nos sai da cabeça! A mim calhou-me, entre outras, a guarda Maria que, embora apelidada de “demo”, era o exemplo de uma mente simples. Primeiro, demonstrou o poder que tinha, torturando e achincalhando - estive três dias e três noites em estátua. Batia-me nos braços com o cassetete sempre que deslizavam, já adormecidos pela dor; Depois, como eu não cedia, sentia-se desafiada. Piorou. Tive medo de morrer. Sempre em isolamento, não me deixava dormir. Pensei não aguentar tanto, mas os dias passaram e, embora não
sentisse mais o corpo, mantinha-se a sofrida sensação de vitória; Por fim, o ressabiamento era tanto que, não tendo frutos do seu poder, aplicou a pena – arrancou-me a unha do dedo pai-de-todos da mão esquerda com os olhos cravados nos meus.
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Albertina esfregou a unha do dedo vizinho do mindinho da mão esquerda no vestido.
Tentava tirar-lhe qualquer poeira agarrada, muito embora não pusesse as mãos na terra há muitos anos. Olhou pela janela, franziu o sobrolho para mirar o único ramo do sobreiro que conseguia ver daquela posição e voltou a dedicar-se à pintura. Pensou:
O amor chegou-me de improviso. Depois de tanta dor, não julguei vir a sentir tal coisa.
Foi por pouco que não o conhecia. As moças andavam na fábrica do tomate, mas não havia vaga para mim. Até que a Antonieta foi para o monte de São Domingos e eu ocupei o lugar.
Arrumaram-me à plataforma de selecção. Os tomates vinham a toda a velocidade num tapete rolante e eu tinha de ser rápida a tirar os podres, deformados e pequenos. Num instante fiquei sabedora do ofício.
Nunca ligara aos rapazes até então. Fazia chacota deles e não lhes dava abébias nenhumas. Mas um dia, enquanto escolhia os tomates, olhei de relance para a zona de recepção, onde os homens se juntavam na galhofa… e vi Jacinto. Apesar de estar bem longe, aquelas costas largas e pele trigueira deixaram-me curiosa. Decidi fazer a minha pausa. Dirigi-me ao pátio de mãos nos bolsos e ar rijo. Ali todos cheirávamos a tomate, mas éramos diferentes. Passei pelos homens de cabeça erguida, sem falar a nenhum deles e, pelo canto do olho, observei-o. Era bonito… tinha um ar distinto.
A partir desse dia, embora utilizássemos sempre a bata do trabalho, fazia por me sentir mais mulher. Arranjava as saias com a caixa de costura da minha mãe e até comprei uma água-de-colónia que só metia por detrás das orelhas antes da pausa. Ele lá estava também, no pátio, todos os dias, a olhar para mim. Mas não me atrevia a dirigir-lhe a palavra. Sempre que o fazia era rezingona, como para todos os outros. E além disso era uma vergonha naquela altura andarmos na conversa com homens.
Mas, numa manhã fresca de Verão, ia eu na caminhada para a fábrica quando senti alguém alcançando-me. Imaginei que fosse uma das mulheres atrasada, mas senti-lhe o cheiro mal se pôs ao meu lado. Cumprimentou-me. Eu olhei-o de soslaio dos pés à cabeça, e andei ainda mais depressa. Jacinto acompanhou-me o passo.
Desavergonhado disse: “Sabes Albertina, gosto de ti!” – parei especada a olhá-lo e os montados, por detrás das suas costas, engalfinhados uns nos outros, deram sustento ao prado de papoilas. Senti crescerem-me raízes pelo corpo acima - como se o amor que havia em mim tivesse nascido num só dia.
Comprámos esta casinha e a parcela de terra do outro lado da rua. Ainda tinha uns quantos metros quadrados e um sobreiro imponente, de copa larga. Parecia conter tudo o que era necessário aos olhos do Jacinto. Sombra para ovelhas e porcos, pasto para lhes encher o bucho e terra capaz de fazer crescer alimento. Fiquei feliz pelo meu Jacinto. Mas, o homem não tardou a viciar-se no raio da árvore! Mirava-a da janela o dia todo!
A princípio achei que cuidava de olhar pelos bichos, mas com o tempo apercebi-me de que afinal era o sobreiro que ele tanto fitava. Estraguei a cabeça com pensar na razão de tal vício e cheguei a perguntar-lhe uma vez.
- Jacinto, escuta, porque olhas tu o sobreiro a toda a hora? - Nunca me disse. Mas vim a saber que ele queria era tirar-lhe a cortiça. Achei uma tolice, pois claro! Um sobreiro não dava dinheiro nenhum, embora, verdade seja dita, este era grande como um silo.
Nessa altura abriu a mina e quando há míngua de trabalho todos os homens correm às oportunidades. Claro que o meu Jacinto ficou, pois era forte e bom trabalhador. Mas eu, cá no íntimo, temia a terra incerta como quem teme o inferno. Vê-lo partir todas as manhãs apertava-me o coração. Sentia o peso da desgraça. Ele não ligava. Dizia sempre: “não me vai acontecer nada, mas se acontecer tens sempre o nosso sobreiro”.
Resmungava em desaforo! Não queria um sobreiro, queria-o a ele!
Até que um dia bateram as seis da tarde e Jacinto não apareceu. Só duas horas depois, o vizinho Marcelino, acompanhado de dois guardas, veio largar a má notícia. Joguei as mãos à cara num pranto. Estava morto, pois a Terra não mede acções. Ai! A dor carcomia-me os ossos, arrafanhava-me o espírito. Senti que me arrancavam os dentes a frio, partiam os dedos e me esventravam toda! Sofri como só um ser humano consegue.
O meu Jacinto saiu de lá aos bocadinhos… O chão partiu-o como se fosse um torrão de areia. Voltei à mina vezes sem conta, não fosse terem deixado lá algum pedaço do meu amor. Estava morto, mas todo no mesmo sítio. Isso é que eu não suportava… pensá-lo aqui e acolá, espalhado como bagulho. A bem da verdade, o corpo ainda faz a gente sentir que viveu com a pessoa. Quando não há corpo, a memória parece querer-se-nos fugir.
Albertina pousou o verniz na mesa de camilha e recostou-se na poltrona. Já não aguentava muito tempo de pescoço pendido e isto de pintar as unhas exigia muita concentração. Ajeitou a almofada ao pescoço e deixou-se levar pelo chilrear dos melros.
Dormitou algum tempo e quando voltou a si, bastou-lhe vislumbrar para que lado pendia a sombra do sobreiro através da janela para perceber que as horas tinham passado. Levantou-se a todo o custo. Queria sentir a brisa da tarde. Encostou-se à ombreira da porta e ficou a examinar o sobreiro no outro lado da rua, ao cimo de uma pequena colina, majestoso, seguro e isolado. Albertina retesou a mão esquerda o quanto
pode, moveu o dedo mindinho, sorrindo. Pensou:
Um dia inteiro para pintar as unhas. Estou velha... E ainda me falta o mindinho que mal tem unha para pintar. É tão pequena como tudo aquilo que a vida me tem dito desde a morte do meu Jacinto. Insignificâncias… e já lá vão quarenta anos. Tão nova fiquei viúva e tão nova voltou-me a raiva à pele. Se não tem sido o sobreiro, o Jacinto havia de ter envelhecido comigo, assim, a cobiça de ter outras árvores como aquela, tirar cortiça e ganhar muito dinheiro, levaram-no para a mina. E da mina para a terra. De vez.
Durante quarenta anos vi o sobreiro crescer e a dor da perda minguar. Mas ela não desaparece, tal como o sobreiro ficará para lá da minha morte. Não sei porque não o mandei cortar, porque o mantenho imponente à minha frente e todo este tempo aguentei a sua imagem. Mas, não naquela noite. Depois de enterrar os pedacinhos de Jacinto, o vento levantou-se como que vindo sozinho acompanhar o luto. Era tanta a ventania que a noite estava feita restolho. Só se ouviam os ramos do sobreiro sacudindo a folhagem.
Aquilo começou a meter-me uns nervos! A raiva de outrora, de quando era moça, estava a voltar e a trepar por mim acima. De cada vez que a ventania soava, assim o sobreiro se movia com toda a força. A nervura chegou-me à venta e não aguentei mais!
Só eu podia estar em luto, só eu tinha de chorar a morte. Como podia o sobreiro não se calar naquela noite?!
Peguei no machado, desvairada. Saí descalça pelo campo afora. A noite de breu estava demoníaca, já que o vento tomava conta de dar voz a tudo. Os meus cabelos esvoaçavam em loucura e eu, com os olhos em fogo, não tinha medo. Mal podia acreditar que se me tinham levado o marido e o sobreiro ficara.
Nem lhe cheguei perto e já o machado o abria. Golpeei a cortiça acertando na fenda mais profunda do enguiado*. Ao mesmo tempo, torci o gume do machado para separar a prancha do entrecasco com os dentes cerrados. Se o ódio fosse medido na minha mão, destruía-lhe o corpo todo de uma só vez. Contando que a malícia estava em mim, assim que ouvi o "toque" do machado, curto, firme e seco, vi que a cortiça estava a dar mal, e logo um arrepio na espinha subiu-me até aos punhos. A vingança prometida...
Não separei, não tracei, não meti gume do machado entre a barriga da prancha, não extraí, nem descalcei. Só deixei sequelas e mutilei aquele corpo vivo até lhe alterar a geometria. Quando acabei, a casca era de um vermelho alaranjado… e via o crime no meu suor. Lágrimas confundiram-se com vento, com pó. Que culpa tinha o sobreiro… agora tirara-lhe a substância, metera-o a nu de propósito e sem remorsos. O único consolo era que ele estava que nem eu – dorido por dentro e por fora, com feridas abertas difíceis de sarar.
Nunca mais me cheguei a ele, tal qual um cão se encolhe ao dono quando faz asneira.
Magoei-o porque estava em dor e, afinal de contas, todos os dias o observo da janela, e vejo-o no montado com a sua copa ampla, de tronco ramificado em grossas pernadas vestidas por casca acinzentada, espessa, fendida. Não sei se gosto dele, se o protejo ou se perpétuo a paixão do meu Jacinto.
Albertina olhou novamente o dedo mindinho de esguelha, ainda por pintar, voltou para dentro de casa, pegou no cajado e saiu para a rua. Levava, aproximadamente, quarenta e cinco minutos a percorrer o caminho até ao centro de dia, a 600 metros de sua casa.
Parava cinco vezes para respirar fundo, dava passos muito pequenos e pendia para o cajado precavendo tropeçar em alguma pedra.
- Então ‘Ti Albertina? Vai até ao centro? – disse Paula de passagem.
- Vou.
- Mas, a esta hora? Não é já tarde? – continuou Paula sem parar no seu percurso para casa.
- Ora, o que é que tens a ver com isso?!
-Ai, ‘Ti Albertina! Está cada vez mais azeda!
- Sempre fui!Não vou ser doce agora, depois de velha?!
Albertina acelerou o passo, contando que não conseguia andar mais depressa. Mas o esforço demonstrava atitude. Estendeu a mão à frente da cara, fixou o dedo mindinho e pensou:
Este não pinto, já que não há tinta cor de cortiça…
* ranhuras da casca do Sobreiro