sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Este mês podes ver...

Numa zona remota do norte do Quénia, a brilhante activista Tessa Quayle (Rachel Weisz) é encontrada brutalmente assassinada. O seu companheiro de viagem, um médico local, desapareceu. E como tal, tudo indica tratar-se de um crime passional. Os membros do Alto Comissariado Britânico em Nairobi partem do princípio que Justin Quayle (Ralph Fiennes), o marido de Tessa, um pacato diplomata sem ambições, deixará o assunto ao cuidado deles. Mas não podiam estar mais enganados... Assombrado pelo remorso e revoltado com os rumores sobre a infidelidade da sua mulher, Justin embarca numa perigosa odisseia para limpar o nome de Tessa e também para "terminar o que ela iniciara". Uma viagem que o levará aos meandros da poderosa indústria farmacêutica e às terríveis verdades que a mulher estava à beira de revelar. Baseado no "best-seller" homónimo de John Le Carré, "O Fiel Jardineiro" é um "thriller" sobre o amor e a busca da verdade, realizado por Fernando Meirelles ("Cidade de Deus").

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Este mês podes ouvir...

Roberto Carlos Braga (Cachoeiro de Itapemirim, 19 de abril de 1941) é um cantor e compositor brasileiro. Um dos primeiros ídolos jovens da cultura brasileira, ele foi um dos pioneiros no Brasil do movimento rock'n'roll surgido nos Estados Unidos ao longo da década de 1950.
Embora tivesse iniciado a carreira sob influência da Bossa Nova, no início da década de 1960, Roberto mudou o seu repertório para o rock. Com composições próprias, geralmente feitas em parceria com o amigo Erasmo Carlos, e versões de sucessos do então recente género musical, fundando as bases para o primeiro movimento de rock feito no Brasil. Com a fama, estreou-se ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa num programa na TV Record chamado Jovem Guarda, que daria nome ao primeiro movimento musical do rock brasileiro. Além da carreira musical, participou em filmes inspirados na fórmula lançada pelos Beatles - como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" e "Roberto Carlos a 300 Quilómetros por Hora".
No início da década de 70, reformulou seu repertório rock'n roll e tornou-se um cantor e compositor basicamente romântico, cujo estilo não modificou desde então. Logo também mudava seu público-alvo, que deixou de ser o jovem e passou a ser o adulto. Atualmente continua a apresentar-se com frequência e produz anualmente um programa especial que vai ao ar na semana do Natal pela Rede Globo, na mesma época em que costumavam ser lançados seus discos anuais. Entre 1961 e 1998, Roberto lançou um disco inédito por ano. Dezenas de artistas já fizeram regravações de suas músicas, entre os quais Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.

Segundo a ABPD, Roberto Carlos é o artista solo com mais álbuns vendidos na história do Brasil. Os seus discos já venderam mais de 120 milhões de cópias e bateram recordes de vendas - em 1994 chegou à marca de 70 milhões de discos vendidos - incluindo gravações em espanhol, inglês e italiano, em diversos países. Tendo realizado milhares de shows em centenas de cidades no Brasil e no exterior, a sua popularidade tornou-o conhecido no Brasil e na América Latina como O Rei, contando com um dos maiores fã-clubes do mundo.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Concurso Nacional de Leitura - 1.ª Fase

Já são conhecidos os vencedores da 1.ª Fase do Concurso Nacional de Leitura. Aqui ficam os nomes dos participantes, sendo que as três primeiras do 3.º ciclo e as alunas do Secundário irão representar a escola na fase distrital. 
A todas as alunas que participaram os nossos parabéns!


1.º Alice Simões Nunes       8º B           1.º Ana Raquel Pereira     12º A
2.º Susana Ferro Pereira      7º B           2.º Beatriz Rosa              11º B
3.º Jacinta Faxelha Barata   7º A            3.º  Inês Bica                  10º A
4.º  Laura Lúcio Miranda      7º B

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Conheces o autor do mês...

Tiago Rebelo é um dos romancistas mais brilhantes das letras portuguesas. Na última década manteve uma produção literária constante e os seus livros tornaram-se há muito presença habitual nos lugares cimeiros das principais tabelas de vendas nacionais. Com vários títulos disponíveis em diversos países, desde o Brasil a Angola e Moçambique, foi igualmente editado em Itália e na Argentina. A par da atividade literária, Tiago Rebelo tem já uma longa carreira de jornalista, sendo atualmente editor executivo na TVI, e escrevendo regularmente para a revista do Correio da Manhã.

Este mês podes ler...

Rute Madeira e a sua irmã Filipa conheceram, na adolescência, Tomás Arruda durante umas inesquecíveis férias de Verão em Pedras d’el Rei. As memórias dessas férias perdurariam mesmo depois de Tomás rumar a Londres e se ter transformado num famoso ator de cinema. Quando o realizador Ian Holden vem a Sintra rodar um filme que tem Tomás Arruda como protagonista, Rute Madeira, agora a gerir os negócios da família, decide organizar um jantar de boas-vindas à equipa de filmagem. Um acontecimento social de impacto com uma lista de convidados ilustres e mediáticos e amplamente coberto pela comunicação social. Um jantar perfeito para gente perfeita: jovens, ricos, famosos e felizes. Aparentemente. Por detrás do esplendor e do glamour, pairam ódios e frustrações difíceis de superar. Conseguirá Rute sobreviver a um doloroso segredo das sombras do seu passado? Poderão Tomás e Filipa reprimir a atração que os une? És o Meu Segredo, traz-nos a densidade emocional a que Tiago Rebelo já nos habituou. A vida das personagens, marcada por impasses, encantos e desenganos, apela às insondáveis questões do amor e aos misteriosos enredos da mente. Um romance psicológico que nos prende de início e nos confirma que a vida vale a pena ser vivida apesar das pedras que surgem pelo caminho. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Maïmouna, a menina que engoliu os gritos mais depressa do que a saliva


Maïmouna não cabe em si de contente, porque vai passar um dia de sol com as amigas. Contudo, por vezes, a escuridão persegue a inocência e dá origem a um sofrimento silencioso. Este livro aborda a questão da excisão com pudor, através da expressão comovente dos sentimentos das pequenas vítimas, que irão lutar por um futuro mais digno e sereno.
Naquela manhã de céu azul e terra vermelha, Maïmouna acordou, depois de uma noite bem dormida. O céu não podia estar mais belo e a menina esqueceu os sonhos que tinha tido. Vestiu a túnica nova que a mãe lhe tinha oferecido e que parecia acariciá-la da cabeça aos pés. Era uma túnica de flores vermelhas. Saiu da cubata, atravessou o pátio e caminhou pela aldeia, ouvindo os seus próprios passos.
Abdou, o irmão de Maïmouna, estava sentado na terra vermelha, com o caderno da escola sobre os joelhos. Desenhava uma bicicleta. Se Maïmouna tivesse olhado para longe, para lá dos caminhos, teria visto outras meninas que, nessa manhã, também tinham tempo para estar ao sol.
Maïmouna encontrou Aïssatou e Dikko, as suas amigas. Em breve, Awa, Zeynab e Fatou chegariam também, com Sya e Ahadi, que davam a mão às gémeas Wassa e Kafougouna. Todas elas vestiam uma túnica com flores vermelhas. Nessa manhã, se alguém deixasse os olhos passear pela aldeia, teria visto um belo ramo de meninas!
— Aïssatou, o que são duas galinhas que estão sempre uma ao lado da outra e não se veem?
— Os olhos! — gritou Dikko.
Maïmouna perguntou ainda, a rir:
— E uma capoeira cheia de galinhas brancas, sabes o que é?
Desta vez, Aïssatou foi a primeira a responder.
— É a boca cheia de dentes!
Maïmouna ia fazer outra pergunta, quando se apercebeu de uma nuvem negra no céu, uma nuvem que voava rapidamente, como um gavião a querer atemorizar os pintainhos!
— Mas, o que é isto?
— É um bando de pássaros — respondeu Dikko.
E não se enganava. Era mesmo um bando de pássaros. Todos tinham um bico pontiagudo e cortante. Voavam tão depressa que ultrapassavam o próprio vento.
— Mas, o que querem? O que fazem?
— Dir-se-ia que estes pássaros negros estão por todo o lado!— exclamou Maïmouna.
Todas sentiram medo e esconderam-se atrás da velha jujubeira, carregada de botões, flores e frutos. Quando se voltaram, viram os pássaros a atacar as pequenas flores vermelhas dos arbustos.
As pequenas flores eram muito jovens e muito frescas.
Foi então que Maïmouna e as amigas ouviram as mulheres mais velhas a chamar. Correram até ao rio, que deslizava como uma cicatriz feita na terra, e chegaram ao pé das velhas vestidas de negro. O primeiro pássaro afastou as pétalas de uma flor para mais facilmente a ferir, a dilacerar, a mutilar, a excisar. Entretanto, os outros pássaros cercavam as pequenas flores da árvore. Mas, seriam mesmo pássaros? Ou seriam as velhas que se tinham transformado em pássaros?
É sabido que os homens se podem tornar leões e as mulheres elefantes, por isso…
Não muito longe, Abdou, que tinha desenhado uma bela bicicleta, hesitou um pouco entre um lápis azul e um outro vermelho. Escolheu o azul e pintou a sua bicicleta.
A mais velha de todas as velhas da aldeia fez gestos muito vivos, como se desenhasse um pássaro nas pernas de uma das meninas que as outras velhas tinham apanhado. Podia ser Awa ou Zeynab ou Fatou. A menina gritou e, em seguida, houve uma autêntica dança de gritos. Sya, Ahadi, Dikko e Aïssatou esqueceram, por sua vez, a vergonha e gritaram quando o sangue de cada uma desenhou, nas pernas, flores vermelhas como as das árvores e as das suas túnicas. Por fim, Wassa e Kafougouna viram as suas próprias lágrimas correr… Era como se as lágrimas tentassem apagar o sangue nas pernas. O sangue que corria do seu grito dilacerante.
Maïmouna engoliu os seus gritos mais depressa do que a saliva. Mas também ela tinha o corpo e os olhos tingidos de vermelho. Maïmouna estendeu-se sobre a relva, como se já não existisse. Como se a relva se recusasse a sentir o peso do seu corpo. E fechou os olhos para não ver o céu.
E o tempo foi passando, levando consigo algum do sofrimento…
— Maïmouna, não dizes nada?
Maïmouna nada respondeu a Aïssatou, que tinha chorado junto dela.
Aïssatou insistiu:
— Maïmouna… fala comigo.
— Aïssatou, será que ainda tenho palavras?
Maïmouna calou-se. Um pouco depois, Dikko perguntou:
— Maïmouna, em que estás a pensar?
— Penso nas flores… Elas não se abrem só para mostrar a sua beleza. As flores abrem-se para perfumar o mundo.
O tempo passou e continuou a semear a chuva e o bom tempo.
Uma manhã, na aldeia, Maïmouna, Aïssatou e Dikko conversavam perto do poço. Quando se aperceberam de um bando de pássaros no céu, foram logo a correr procurar as irmãs mais pequenas. Aïssatou pegou no machado do pai, que era lavrador. E Dikko pegou num longo pedaço de algodão que o pai, que era tecelão, tinha acabado de preparar. Maïmouna pegou no arco e na flecha do seu pai, que era caçador.
Abdou não tinha tempo para olhar para o céu. Reparava a sua mota de ferro, que não tinha medo da poeira.
Quando Aïssatou chegou ao rio com as suas irmãzinhas da areia, deu-lhe uma grande machadada e dividiu-o em dois. As suas irmãs puderam passar e nunca foram apanhadas pelos pássaros loucos! Quando Dikko chegou ao rio com as suas irmãzinhas do rio, lançou até à outra margem a banda de algodão. As suas irmãs passaram a ponte que ela acabava de inventar e nunca foram apanhadas pelos pássaros loucos! Quando Maïmouna chegou ao rio com as suas irmãzinhas da floresta, atirou as flechas. Uma após outra, as flechas construíram uma ponte por onde as suas irmãzinhas puderam passar e nunca foram apanhadas pelos pássaros loucos!
O tempo passou e continuou a semear a chuva e o bom tempo. Maïmouna, Aïssatou e Dikko cresceram. Um dia, quando pisavam juntas o milho-‑miúdo, Aïssatou murmurou:
— Dizem que este ano as velhas não se vão transformar em pássaros.
— E eu digo que, quando formos mais velhas do que as velhas, havemos de amar as flores de todas as árvores — acrescentou Dikko.
Abdou chegou, naquele dia, ao volante do seu táxi. Tinha deixado a cidade ao nascer do sol. Embora estivesse atrasado, conduzia devagar, porque não queria que a poeira vermelha da terra tingisse o táxi azul. Uma pesada gota de chuva caiu e, rapidamente, todo o céu se pôs a chorar. Na aldeia dançou-se de alegria. A terra bem merecia esta chuva!
— Maïmouna, vamos dançar. O céu azul vai voltar e as mais belas flores das árvores virão adorná-lo.
— Sim, eu sei que vai voltar. Mas para mim, para ti e para ti, haverá sempre uma gota de sangue a adorná-lo. Uma gota de sangue que nos foi roubada.

Yves Pinguilly, N’naplé Coulibaly
Maïmouna qui avala ses cris plus vite que sa salive
La Roque-d’Anthéron, Vents d’ailleurs, 2007
(Tradução e adaptação)