Florbela de Alma da
Conceição nasceu a 8 de dezembro de 1894, em Vila Viçosa. A sua mãe chamava-se
Antónia da Conceição Lobo e morreu algum tempo depois. Foi batizada como filha
de pai incógnito. Teve uma infância sem falta de carinhos e a sua subsistência
não foi ensombrada por insuficiências, que atingiam muitas das crianças que
nasciam em circunstâncias semelhantes.
Mais tarde, descobriu
quem era o seu pai e este não a deixou desamparada. Foi dele, João Maria, que
recebeu o apelido de Espanca.
Ingressou no liceu de
Évora. Num tempo em que poucas raparigas frequentavam estudos, e bonita como
era, apesar de umas tantas vezes afirmar o contrário, punha à roda a cabeça dos
colegas.
Florbela escreveu os seus
primeiros poemas ainda na primária, naturalmente infantis, mas avançados em
relação à idade. De algum modo, prenunciavam o que viria depois.
Esta precocidade
contrastava com algum desajustamento futuro, quando a sua escrita divergia dos
conceitos de poesia dos grupos do "Orfeu", "Presença" e
outras tendências do designado "Modernismo", e que emergiam como as
grandes referências literárias da época, das quais Florbela pareceria afastada.
Inicialmente não viveu
com dificuldades económicas. Explicadora, trabalhou ensinando francês, inglês e
outras matérias. Mais tarde, com vinte dois anos, estudou Direito na
Universidade de Lisboa.
Publicou vários poemas em
jornais e revistas não propriamente dedicados à poesia, como Noticias de Évora e O Século ou de circulação local.
Editou os seus primeiros
livros, Livro de Mágoas em 1919, e em
1923 Livro de Soror Saudade, onde
incluiu grande parte da produção anterior.
O Alentejo, locais
ligados às suas origens e a Pátria foram referências em muitos dos seus poemas.
Mas a sua escrita situou-se sobretudo no campo da paixão humana.
Casou-se três vezes. Do
primeiro marido, Alberto Moutinho, usou o apelido em alguns escritos,
nomeadamente correspondência. Do terceiro marido, Mário Lage, juntou o apelido
à sua assinatura usual, nas traduções que efetuou. Do segundo, António
Guimarães, não parece ter havido reminiscências explícitas nos escritos de
Florbela.
No último ano de vida
elaborou um "Diário", onde deixou anotações até escassos dias antes
do trágico fim.
A morte, anunciada ao
longo da sua escrita, ocorreu quando pôs fim à vida a 8 de dezembro de 1930,
dia em que fez 36 anos, em Matosinhos, onde vivia. Aí foi enterrada, sendo mais
tarde transladada para a sua terra natal.
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