terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A Noite Rimada


 Pela serra ao luar
ia um menino sozinho
sem sono pra se deitar.

Ia o menino a pensar
porque seria ele só
sem sono pra se deitar.

Ia o menino a pensar
que há tanto por pensar
e a cidade a descansar.

Ia o menino a pensar
porque seria ele só
sem sono pra se deitar.

Quem dorme sem ter pensado
deve ter sono emprestado
não é sono bem ganhado.

Ia o menino a pensar
como poder arranjar
muita força pra pensar.

Ia o menino a arranjar
muita força pra pensar
o próprio sonho ganhar
                                   
                                       José de Almada Negreiros

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Concurso Nacional de Leitura


Já são conhecidos os vencedores da 1.ª Fase  Concurso Nacional de Leitura. Aqui ficam os nomes dos participantes, sendo que os três primeiros do 3º ciclo e as alunas do Secundário irão representar a escola na fase distrital, ficando como suplente o 4.º  lugar. 
A todos os alunos que participaram os nossos parabéns!

                    3º Ciclo                                      Ensino Secundário

1.º – Ana Rita Costa, 8.º B                   1.º – Jessie Ann Lopes, 11.º C

2.º – Mafalda Pena, 8.º A                     2.º – Ana Raquel Pereira, 10.º A

3.º – Marta Romão, 8.º B

4.º – Inês Bica 8º B

5.º – Roman Batsyk 9.º A

6.º – João Tavares 7.º B



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Conheces o autor do mês?


Gabriel García Márquez
(Aracataca, 6 de março de 1928) é um escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1982 pelo conjunto de toda a sua obra, que entre outros livros inclui o aclamado “Cem Anos de Solidão”. Foi responsável por criar o realismo mágico na literatura latino-americana. Viajou muito pela Europa e vive atualmente em Cuba. Em 1 de abril de 2009 declarou que se aposentou e não pretende escrever mais livros.

Gabriel García Marquez e o Realismo Mágico Latino-Americano
João de Melo

Mais lido e estimado do que todos os escritores latino-americanos do seu escol e da sua geração, Gabriel García Marquez, hoje tão universal como os maiores mestres do romance moderno está entre os nomes gloriosos de toda a literatura e é uma das maiores figuras literárias do século.
A literatura latino-americana conheceu um processo de expansão e reconhecimento internacional que é um dos fenómenos mais interessantes da segunda metade do século XX. Gabriel Garcia Marquez encontra-se no centro deste verdadeiro "boom", que constituiu afinal uma nova vanguarda literária, exterior ao eixo parisiense tradicional. Teve porém, como todos os autores latino-americanos da sua geração, de passar pela aprovação da crítica europeia, nomeadamente a francesa, apesar da enorme popularidade que adquirira entre os leitores.
O segredo do que foi denominado "realismo fantástico", ou também "realismo mágico" reside, segundo João de Melo, na descoberta de uma prática ficcional "simples e simultaneamente deslumbrada, recorrendo aos grandes temas sociais, sem dúvida, mas envolvendo as realidades descritas numa auréola de sonhos, crenças e rituais lendários que bem podem estar na origem de uma nova mitologia literária."
A atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Gabriel García Marquez em 1982, representou não apenas a sua consagração internacional como também a de toda a literatura americana em língua castelhana, tendo estado na origem do reacender da polémica entre os defensores de Marquez e os incondicionáveis de Borges. Esta discussão, nos termos em que foi colocada, não tem para João de Melo qualquer sentido, opinião que justifica sublinhando três "evidências" acerca da escrita de Gabriel García Marquez : em primeiro lugar, este é talvez o oposto perfeito de Borges, "com a superior vantagem de a sua obra, apesar de muito menos eclética do que a do argentino, assumir em pleno e em risco, a ideologia do século". Por outro lado, a originalidade do colombiano dificilmente se adapta às convenções e conceitos da tradição literária bem-pensante.
Finalmente João de Melo destaca o carácter universal da obra de Gabriel García Marquez, que o coloca entre os maiores criadores do século XX, ao lado de Kafka, Camus, Hemingway e o próprio Borges.

Este mês sugerimos ver o filme...


Você Tem Uma Mensagem

é uma comédia romântica passada na era do correio eletrónico que nos oferece todo o talento, charme e magia que se podia esperar da reunião das estrelas (Tom Hanks, Meg Ryan) e da realizadora (Nora Ephron) de Sintonia de Amor. Greg Kinnear, Parker Posey, Jean Stapleton proporcionam um excelente suporte a este moderno - modem romance onde o magnata Joe Fox (Hanks), dono de uma das maiores cadeias livreiras, e Kathleen Kelly (Ryan), proprietária de uma simpática livraria infantil, são anónimos amigos cibernéticos que se apaixonam perdidamente um pelo outro... sem saberem que na realidade são inimigos profissionais.

Este mês sugerimos o livro...

O Homem que Sabia Contar
 de Malba Tahan é um livro interessantíssimo que propõe problemas de Aritmética e Álgebra com a mesma leveza e encanto dos contos das Mil e Uma Noites. É um livro dedicado principalmente a todos os que apreciam problemas e enigmas matemáticos, que faz pensar e convida os seus leitores a resolverem vários enigmas nele propostos. A ação desenrola-se no médio oriente, dando-nos a conhecer a cultura islâmica e refletindo bem o clima filosófico, religioso e social da época. O protagonista é um humilde pastor persa do século XIII, Beremiz Samir, que tem uma facilidade enorme na arte de calcular. É capaz de contar com precisão o número exato de flores num jardim, o número de camelos de uma cáfila, o número de ovelhas de um rebanho, ou até mesmo o número de abelhas de um enxame. Durante a excursão de um jovem senhor, o narrador, Beremiz é descoberto e convencido a ir para Bagdad. Beremiz, é então desafiado a resolver vários problemas e enigmas matemáticos e lógicos complicados, o que faz com um grande rigor e simplicidade matemática. Vamos apresentar um:

 PROBLEMA DOS 35 CAMELOS 
 Três irmãos receberam uma herança de 35 camelos que deveriam ser distribuídos da seguinte forma: o mais velho teria direito a 1/2 dos camelos, o do meio deveria receber 1/3 dos camelos e o mais novo tinha direito a 1/9 dos camelos. Os três irmãos não sabiam como resolver o problema, uma vez que metade de 35 é 17.5, e a terça e a nona parte também não são exatas. Eis a solução apresentada por Beremiz o homem que sabia contar: “É muito simples – atalhou Beremiz. – Encarrego-me de fazer, com justiça, essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal que, em boa hora, aqui nos trouxe! ( ) Vou (…) fazer a divisão justa e exata dos camelos que são agora, como vêm, em número, 36. (…) Voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou: - Deverias receber, meu amigo, a metade de 35, isto é, 17.5. Receberás a metade de 36 e, portanto, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão! (…) E tu, deverias receber um terço de 35, isto é, 11 e pouco. Vais receber um, terço de 36, isto é, 12. Não poderás protestar, pois também tu saíste com visível lucro na transação. (…) E tu (…) deverias receber a nona parte de 35, isto é 3 e tanto. Vais receber uma nona parte de 36, isto é, 4. O teu lucro foi igualmente notável. (…) Couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18+12+4) de trinta e quatro camelos. Dos trinta e seis camelos, sobram, portanto dois.” (pag.15)

Este mês sugerimos Ouvir...

The Gift
Nascidos em 1994, os The Gift surgiram inicialmente como projeto paralelo dos Dead Souls, banda de então de Nuno Gonçalves e Miguel Ribeiro. A evolução de um projeto para o outro aconteceu de forma natural, uma vez que sentiam que a sonoridade dos Dead Souls estava limitada aos instrumentos que utilizavam (guitarra, bateria, baixo e ukulele), e a urgência em experimentar novos sons e partir para novos horizontes musicais era cada vez maior. Assim, o que começou por ser um projeto secundário de ambos os jovens a darem os passos iniciais na música, foi crescendo e ganhando maior importância na vida destes.
De dois, os The Gift passaram a uma banda de quatro elementos com a entrada de Ricardo Braga e de Sónia Tavares para vocalista. Sónia ingressou na banda quase por acaso e, apesar de mais tarde vir a dar novas tonalidades à música dos The Gift, na altura a escolha de uma voz feminina não foi vista com bons olhos por Nuno, que não conseguia idealizar uma rapariga a cantar no grupo. Na base destes anticorpos esteve a gritante misoginia reinante na banda. A barreira tornou-se ainda maior ao Sónia não proferir uma única palavra durante os primeiros ensaios e permanecer timidamente afastada dos restantes músicos. Até ao dia em que quebrou o silêncio, começou a cantar, e de uma assentada compôs o primeiro tema do grupo: Lenor. Estava dado o primeiro grande passo dos The Gift.
A partir daqui a sonoridade do grupo começou a ganhar forma e em Setembro de 94, Sónia, Nuno, Miguel e Ricardo (com idades compreendidas entre os 16 e os 21 anos) inscreveram-se no Concurso de Música Moderna do Bar Ben, em Alcobaça. A banda acabaria por ir passando de eliminatória em eliminatória, até chegar à final, e terminaria em 2º lugar – para grande surpresa de todos dada a curta existência do grupo.
Encarando o resultado do concurso como uma vitória e um estímulo, os The Gift começaram a aspirar a mais e deram o seu primeiro concerto em nome próprio no Mosteiro de Alcobaça, em Julho de 95. Seguir-se-ia o Centro Cultural de Belém, no “Espaço 7-9”], em Setembro de 96 e o convite para tocar no Porto, no bar Labirintho, em Novembro desse ano. Foi nessa noite, com o incentivo do dono do bar, José Carlos Tinoco, que surgiu a ideia de gravar a primeira maqueta do grupo. Desde esse dia e até Maio de 97 os The Gift empenharam-se a 100% na preparação do seu primeiro registo discográfico, tendo como ambição mostrar a sonoridade da banda aos media e às editoras. Deste esforço nasceu Digital Atmosphere, CD composto por 6 temas e uma parte multimédia com entrevistas e vídeos da banda, gravado em casa e sem edição comercial.
O objetivo de chamar a atenção da indústria musical não seria atingido da forma desejada, mas as expectativas relativamente à crítica musical viriam a ser ultrapassadas, obtendo de imediato o reconhecimento por parte dos media.
Ainda nesse ano os The Gift partiram para a estrada, percorrendo cerca de 630 auditórios (muitos deles esgotados) e editando no final da digressão um vídeo com os concertos do Centro Cultural de Belém e do Cine-teatro de Alcobaça. Logo após a "Digital Atmosphere Tour" a banda ficaria reduzida a quatro elementos, com a saída de Ricardo Braga, permanecendo com a formação com que continuaria até hoje, e estabeleceria o objetivo de editar um novo disco, como banda independente, suportando todas as despesas e sem qualquer tipo de apoio por parte de alguma editora discográfica.

2000-2010
Ganham, em 2005, na categoria de "Best Portuguese Act", o MTV Europe Music Awards, prémios entregues esse ano em Portugal. Este reconhecimento é obtido através do seu álbum duplo AM-FM. A 30 de Outubro de 2006 lançam o álbum ao vivo e DVD Fácil de Entender, cujo nome é o de uma canção cantada em Português e faixa escondida do álbum AM-FM que foi apresentada no decorrer da "AM-FM Tour".
Em 2007 ganham o Globo de Ouro (SIC/Caras) de Melhor Grupo com o álbum editado no ano transato Fácil de Entender.
Em 2009, Nuno Gonçalves é convidado a regravar Amália Rodrigues, nascendo Amália Hoje, produzindo algo de inovador que ficará marcado para a história cultural de Portugal com participação da Sónia Tavares, Fernando Ribeiro dos Moonspell e Paulo Praça dos Plaza. O disco foi lançado a 27 de Abril e foi tornado público em televisão na Gala XIV Globos de Ouro na SIC, no dia 17 de Maio de 2009. Entretanto a banda já está a preparar o sucessor de AM-FM com as gravações a serem feitas em Madrid.

Atualidade
Com o lançamento do último álbum da banda, Fácil de Entender, a ter acontecido em 2006, é anunciado o lançamento dum novo álbum, Explode, em Fevereiro de 2011. O álbum foi disponibilizado no site da banda, ao preço que o consumidor desejasse pagar. Para apresentar as novas canções a banda programou para Março do mesmo ano, uma série de três concertos no Tivoli, Lisboa, e um em Madrid, em Maio. O álbum em suporte físico foi colocado à venda em meados de Março de 2011.
Foi anunciado a 19 de Setembro de 2011, a nomeação da banda para os prémios MTV Europe Music Awards, na categoria "Best Portuguese Act", sendo o prémio arrecadado pela cantora Aurea.
No início do ano 2012, o site Art Vinyl elege o disco Explode, como uma das melhores capas do ano 2011. O álbum ficou em 27º lugar, numa lista de 50 melhores capas que inclui nomes como Coldplay, The Strokes e Jay-Z. Ainda no início de 2012, e tendo passado menos de um ano do lançamento de Explode, a banda anuncia o lançamento de um novo álbum. Primavera foi lançado dia 9 de Janeiro, contendo doze faixas.
Fonte: wikipedia

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Criança desconhecida

Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,
Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos.
Acho-te graça por nunca te ter visto antes,
E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança,
Nem aqui vinhas.
Brinca na poeira, brinca!
Aprecio a tua presença só com os olhos.
Vale mais a pena ver uma cousa sempre pela primeira vez que
conhecê-la,
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar.

O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as
outras estão sujas.
Brinca! pegando numa pedra que te cabe na mão,
Sabes que te cabe na mão.
Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior?
Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta.


Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O príncipe que guardava ovelhas

Esta é uma história verdadeira, pois muitas vezes o vi, da minha janela, com estes olhos que a terra e as raízes hão de beber.
Trazia as duas ovelhas para o retalho de campo, ainda sem casas, liberto de muros. Nenhum cão o acompanhava. O seu amor e o seu cuidado bastavam a tão pequeno rebanho. Malhada e Ladina vinham na dianteira e o príncipe seguia-as rodando um arquinho, que uma gancheta de arame tocava, manso e fácil. Mal eram chegados, deitava-as a pastar, tirava a gancheta de arame ao arquinho e com ele armava uma coroa, que lhe cingia a testa e a palha, loira, dos cabelos. Depois sentava-se numa pedra, alta, seu trono. E reinava sobre urzes, cardos, giestas, borboletas, gafanhotos, lagartixas e seixinhos do campo verde. As ovelhas davam volta ao reino como a um redondel de circo, baliam, faziam tilintar os chocalhos, cabriolavam, tosavam erva e tojo.
O príncipe vigiava-as cumprindo as recomendações de sua mãe, pois a mandado dela ali vinha. Mas a grande preocupação do seu coraçãozinho era quebrar-lhes o encanto. Qual seria a princesa? Malhada ou Ladina? Sim, porque uma delas princesa seria por força. Mas qual? Em vão se interrogava, escutava o ramalhar do vento, o canto dum pássaro, o silêncio das flores da urze, do tojo ou da giesta, o pulsar quente e húmido da terra, esperando qualquer socorro que o ajudasse a desvendar o segredo. Malhada era tão meiga! Vinha lambê-lo. Parecia querer falar. Dizer: – «Sou eu, sou eu». Mas seria? E Ladina tão arisca e desdenhosa? Era com certeza ela, castigada, a pobrezinha! E abraçava-a. Impossível decidir. Para consolar e esquecer aquela tortura construía, com pedras miúdas, estradas sinuosas, sem fim, que se perdiam nos tufos rumorejantes. Procurava joaninhas de vestido às pintas, que lhe passeavam as costas da mão e depois recolhia na palma, antes de, com o vento do seu sopro, lhes desfraldar as asas e as lançar no espaço, verde, do campo. Jogava ao berlinde com bichinhos de conta que se enrolavam, de propósito, para brincar com ele. E às vezes cortava uma palhinha de giesta para apanhar um grilo, que se deixava colher e, breve, voltava à liberdade das suas asas, pois todos eram livres no reino verde. Era tão bom ouvir o risinho do cri-cri guizalhar na tarde! Nada, porém, o fazia esquecer das ovelhas. Chamava-as:
– Malhada! Ladina!
E tirava a coroazinha da cabeça para a experimentar nas suas amigas, que se impacientavam e lha atiravam ao chão.
Recusavam-no? Temia o príncipe. Não e não. O que não podiam era dar-lhe indícios, revelar-lhe como havia de lhes quebrar o encanto, era o que era. Sozinho teria de o fazer.
Mas como? Mas quando? O sol começava a rasar a copa das árvores da estrada. As lagartixas, fartas de soalheiro, sumiam-se. E um ventinho vindo do mar desprendia as borboletas pousadas no tojo ou na giesta levando-as na dianteira, como pétalas soltas. Eram horas de partir, de abandonar o reino verde, bichos, flores e pedras.
Então o principezinho, para que ninguém fizesse troça ao vê-lo atravessar a cidade com duas ovelhas, tirava a coroazinha da cabeça e enfiava-a na gancheta de arame.
E seguindo o arco tocava Malhada e Ladina, antes que se acendessem as candeias, pequeninas, das estrelas.

Luísa Dacosta
O príncipe que guardava ovelhas
Porto, Edições Asa, 2002
Texto adaptado

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Conto de Natal 2011

Este ano voltamos a realizar-se o tradicional concurso literário “CONTO DE NATAL 2011” organizado pela Biblioteca Escolar e ao qual concorreram vários alunos das turmas do ensino básico e do ensino secundário.
Os elementos do Júri, constituído pelos professores Celeste Rosado, Jorge Santos e Fernando Costa, reuniram-se para selecionar os melhores contos com vista à atribuição dos prémios aos melhores contos. Os premiados foram:
Rita  Rodrigues do 11º C com "Como voa o Pai Natal" - Secundário
Ana Taborda e Maria Duarte do 8º A com "O rapto do Pai Natal" - 3º ciclo
Todas estas alunas serão contempladas com a oferta de um livro.
Parabéns a todos os alunos participantes e um bem-haja aos professores que colaboraram nesta iniciativa.
Publicam-se em baixo os contos vencedores.


Como voa o Pai Natal?
A campainha fez-se soar pela última vez e Alice depressa fechou os livros, meteu-os na mochila, despediu-se da professora e lançou-se porta fora. Corria pelos corredores com os cabelos esvoaçantes apanhados com fitas de cetim cor-de-rosa, da mesma cor do seu nariz.
Ao vê-la a correr o porteiro, o Sr. Emílio, gritou-lhe: Veja lá menina Alice não perca o comboio!
Alice sorriu-lhe. Ela tinha mesmo de apanhar o comboio, ia passar o natal a casa da avó no Porto. Para chegar mais depressa à estação atravessou o jardim.Com a perícia do costume saltou todas as poças. Queria chegar impecável a casa da avó! Só faltava saltar uma poça, e nem era uma das grandes, quando o Pedro, um rapaz moreno de olhos azuis como o céu, lhe acenou e disse: Adeus Alice! Feliz Natal!
Nesse momento perdeu toda a concentração, o seu coração batia tão depressa que nem conseguiu pensar, acenou-lhe e meteu os dois pés dentro da poça.
Chegou à estação com as meias ensopadas, brancas nos joelhos e bege nos pés. Passou a viagem a pensar no que iria dizer a avó, decerto que se lhe explicasse o ocorrido ela entenderia, afinal eram uns olhos azuis como o céu!
Chegou a casa da avó já o ponteiro pequeno batia no 3. Tinha umas mãos tão finas que as conseguiu meter entre as frechas do portão e puxar o trinco. Entrou e tentou tocar à campainha, mas a avó já a esperava atrás da porta e abriu-a nesse instante. Deu-lhe um abraço de suster a respiração e muitos daqueles beijos repenicados de avó. Nem reparou nas meias!
A casa estava enfeitada de fitas douradas e vermelhas e o cheiro a borrego assado pairava no ar.
-Deixa as malas, Alice! Temos que ir às compras e deixar as cartas no correio! Não te esqueças das tuas! – Disse-lhe a avó
Todos os anos Alice escrevia ao pai natal e todos os anos pedia o mesmo: amor na vida e uns daqueles chocolates de papel dourado e castanho. Ela não ligava às bonecas, preferia as pessoas. Para quê imaginar uma história de amor com cavalos brancos com uma boneca se podia vive-la?
Mesmo não pedindo nada para além dos chocolates o Pai Natal deixava sempre mais alguma coisa. Este ano, estava decidida a esperar por ele. Queria conhecê-lo e saber como voava. Tinha quase a certeza que era magia.
A noite caiu e Alice e a avó foram jantar. No centro da mesa estava o borrego numa cama verde com um travesseiro amarelo. Durante o jantar Alice não prestou atenção ao que a avó lhe dizia. Estava a tentar encontrar um lugar para se esconder e esperar o Pai Natal e a avó acabou por recomendar que acabasse o jantar e se fosse deitar. Tinha sido um longo dia.
Alice depressa subiu ao quarto e depressa desceu. Pôs-se entre o sofá e a árvore à espera do Pai Natal mas quando soou a meia-noite já estava a dormir.
Nesse momento o Pai Natal descia pela chaminé e qual não foi o seu espanto quando finalmente entrou na sala e se deparou com Alice a dormir no chão.
Pegou-lhe ao colo e levou-a para a cama. Debaixo da árvore deixou-lhe a caixa dos bombons de papel dourado e castanho, um cavalo branco de peluche e um cartão.
Alice acordou com o nascer do dia. Abriu os olhos e viu que estava no quarto. Sentiu alguma desilusão por não ter conhecido o Pai Natal, sentimento que depressa desapareceu ao ouvir a avó a chamar para ir ver o presentinho. Então a menina de cabelo esvoaçante atado com fitas de cetim cor-de-rosa saltou da cama desceu as escadas e dirigiu-se à árvore.
A primeira coisa que fez foi ler o cartão
“ Querida Alice, é com magia que vôo, com a magia dos teus sonhos e dos teus sorrisos!
Votos de um Feliz Natal!
Pai Natal”
Os olhos de Alice iluminaram-se mais que uma estrela e no seu rosto nasceu um sorriso rasgado de felicidade. Era de facto um feliz natal!



C
O rapto do Pai Natal
          Começavam os preparativos para a celebração mais esperada do ano; o Natal. As crianças sorriam e os adultos andavam de loja em loja com o prazer de escolher os presentes para oferecer aos seus familiares e amigos. Pais Natal disfarçados animavam as ruas da cidade. As luzes brilhavam e tudo parecia correr bem. Enquanto isto, o Pai Natal atarefado acabava de construir, com a ajuda dos seus duendes, os mais diversos brinquedos.
                   Gustavo, um duende, tentava a todo o custo animar as tristonhas renas.
                   — Rodolfo que se passa contigo e com as outras renas?
                  — É que nós renas, prevemos o que irá acontecer e não estou convencida que o pai Natal esteja em segurança.                                                                                                                                             
De repente o narizinho o narizinho do Rodolfo começou a brilhar.
— Ho! Ho!, isto não é bom sinal, algo de muito mau está para acontecer.
Entretanto...
— Tiago despacha-te, estou com pressa, tenho que ir ter com o Afonso e com a Maria, tenho uma notícia bombástica para lhes contar.
No problem, temos tempo.
— Corre!
Ao chegar a casa dos irmãos Maria e Afonso, a Carolina, com a pressa bate com a cabeça e cai no chão.
— Estás bem pergunta a Carolina? - perguntou a Maria.
— Melhor do que bem, tenho uma notícia para vos contar.
— Meninos, meninos venham cá ver o que está a dar na televisão.
Na televisão o jornalista dizia:
— ...foi triste o que aconteceu, mas o Natal está em perigo, o raptor ainda não deu a conhecer a quantia do resgate que quer por uma figura tão mediática no mundo: o pai natal.
— O quê?! - gritámos tomos em uníssono.

...E o jornalista prosseguiu:
— Quem quiser ajudar as autoridades a descobrir o paradeiro do pai natal contacte: 555-555-551.
               Os quatro amigos ficaram com cara de caso já a pensarem numa maneira de salvar o     pai natal.
— Nem pensei nisso! - disse o pai da Maria e do Afonso com um dedo a apontar para a cara dos quatro amigos.
      — Porquê? Nós comportamo-nos tão bem. - respondeu o Afonso com ar de cãozinho abandonado.
— Se vocês comportam-se bem o Capitão Gancho é um "santo".
Mal o pai virou costas, a Carolina queria lá saber do que o pai dizia, queria era salvar o Natal.
O Tiago agarrou no telefone e ligou:
— Estou, fala para o Centro de Assistência aos Raptos Natalícios.
— Fala sim, que deseja saber?
— Nós queremos descobrir o parcadeiro...
— Paradeiro, responderam os outros três amigos.
— Ou isso, vai tudo dar ao mesmo.
— Claro, o raptor acabou de dar uma pista, anunciou a assistente que falava com o Tiago ao telefone.
A pista é a seguinte:
— O pai natal está bem,
Mas só para já
Dêem um passo para a frente, um passo para trás e três para o lado, vão dançar o "Chá Chá chá".
— Já sei o pai natal está a beber um chá.
— Não sejas tolo, Tiago!
— Então Ele está a passar na passadeira com tantos espaços.
— Não! o pai natal está na academia de dança!
— E lá foram correr até à academia.
— Onde vão? Pergunta o pai.
— Vamos...vamos...à pizzaria comprar relógios! Respondeu o Tiago.
-Comprar relógios? – Pergunta a Carolina
- Olha foi a única coisa que me saiu!
Lá foram eles a correr até á academia para salvar o pai natal pelo caminho viram um alvoroço nas ruas, e claro o assunto de tamanha confusão era o rapto do pai natal.
Ao chegarem à porta estavam as renas e o duende Gustavo ansiosos com o decorrer do acontecimento. O Gustavo perguntou:
- Quem são vocês? O que querem?
- Nós somos a Maria, o Afonso, a Carolina e o Tiago e viemos para salvar o Pai Natal. – Anunciaram todos.
- Olá eu sou o mais fiel duende do pai natal, o Gustavo e também vim para salvar o pai natal mas o raptor não nos deixou entrar.
- ok, mas nós estamos empenhados e vamos tentar na mesma! – Respondeu a Maria
- Obrigada  - respondeu o Gustavo
Entraram e viram logo o raptor com o pai natal. O raptor mal os viu gritou:
- Quem vem lá? Não vão conseguir levar o pai natal nunca muhahahaha!
- Nós viemos para salvar um dia que faz a alegria de todas as pessoas e especialmente das crianças! Viemos salvar o pai natal! – Argumentou o Afonso
- Nunca, o vão levar! Se ele nunca me deu o que eu queria, nunca mais dará a ninguém! – Respingou o raptor
- E o que queria você? – Perguntou o pai natal aflito
- Eu…Eu…Eu queria amigos, família, e sentimentos de carinho para comigo!
- Liberta o pai natal que nós vamos ajudar-te! – Responderam os amigos
- Asseriu? Ajudam mesmo?   
- Ajudamos!
O raptor que mais tarde disse que se chamava Paulo Sentimentos, libertou o pai natal e entregou-se ás autoridades com a confirmação de que na prisão iria ter amigos e um sitio onde passar o Natal. O pai natal agradeceu muito aos quatro amigos que  voltaram para casa invadidos por uma tamanha felicidade por terem sido os grandes heróis que salvaram o Natal.
- Bom, até amanhã! – Despediu-se a Carolina
- Até amanhã! – Afirmou o Tiago
- Xau – responderam os irmãos Maria e Afonso
Durante esta despedida ouvem-se sininhos no ar e numa vós grossa ouve-se alguém gritar:
- Ho ho ho Feliz Natal!
E assim foi o natal
Dos quatro inseparáveis amigos
Ficaram orgulhosos
E para sempre foram unidos!
Feliz Natal!