segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Poemas de Tomas Tranströmer


O Casal

Apagam a luz e o globo branco brilha
um instante e, depois, dissolve-se, como um comprimido
num copo de escuridão. Depois, aumenta.
As paredes do hotel disparam para a escuridão do céu.

Os seus movimentos tornaram-se mais suaves e dormem,
mas os seus pensamentos mais secretos começam a encontrar-se
como duas cores que se encontram e escorrem juntas
sobre o papel molhado de uma pintura de um menino de escola.

Está escuro e silencioso. A cidade, contudo, aproximou-se
esta noite. Com as suas janelas desligadas. Vieram casas.
Mantêm-se juntas e muito perto, esperando,
uma multidão de gente de rostos brancos.

Depois de uma Morte


Uma vez foi um choque,
que deixou para trás uma longa e cintilante cauda de cometa.
Mantém-nos dentro de casa. Torna nevada a imagem da TV.
Aquieta-se em gotas frias sobre os fios de telefone.

Pode-se ainda ir de skis devagar sob o sol de inverno
através de arbustos onde algumas folhas se demoram.
Parecem páginas arrancadas de velhas listas telefónicas.
Nomes engolidos pelo frio.

É ainda maravilhoso sentir o coração a bater,
mas a sombra parece muitas vezes mais real que o corpo.
O samurai parece insignificante
por trás da armadura de escamas do dragão negro.


Tradução do inglês de Maria Catela[in:http://mariacatela.blogs.sapo.cv/8402.html]

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