quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A Escola dos Gatos

Dantes, os cães e os gatos eram amigos. Tanto assim era que, uma vez, um cão pediu a a um gato para ir com ele à escola.
Que escola? A escola dos gatos, já se vê.
- Gostava de saber fazer o que voçês fazem - disse o cão. - Gostava de aprender a mair, a trepar às árvores...
O gato aceitou o novo colega e levou-o para o meio da gataria que andava a aprender.
Mas o cão era muito distraído.
Não só dava pouca atenção às aulas como faltava muito. E chegava sempre atrasado.
Perdia que tempos até chegar à escola. Pelo caminho, junto de cada árvore, alçava a perna... Ora, quando se tem de chegar a horas, não se pode perder tempo com distracções destas.
Uma vez, chegou à escola já depois de ela ter fechado.
- Para onde foram os meus amigos gatos? - perguntou ele à professora, que ia a sair.
- Procura - respondeu a professora e foi à sua vida.
O cão baseou-se no pouco que até aí tinha aprendido.
Farejou para um lado, farejou para o outro e encontrou um rasto de gato.
Sempre de focinho no chão, chegou ao pé de uma árvore. Ia fazer o que costuma fazer junto de cada árvore, quando ouviu um risinho por cima da sua cabeça. Era o gato que o tinha inscrito na escola dos gatos.
- Do que é que estás a rir? - perguntou-lhe o cão.
- De ti - respondeu o gato. - ès um palonço.
- Não sou nada - protestou o cão.
- És um burro - continuiu o gato.
- Não sou nada - zangou-se o cão.
E começou a ladrar, de patas fincadas ao tronco da árvore.
- Vês - disse-lhe o gato. - Se tivesses sido um bom aluno, já sabias trepar às árvores como eu sei.
O cão desesperou-se, mas já era tarde.
Nunca iria aprender a miar e a subir às árvores. Por culpa sua.
E o cão e o gato deixaram de ser amigos.

António Torrado in História do dia

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