terça-feira, 30 de abril de 2013

1º de maio


Todos os anos, no dia 1 de Maio, comemora-se, em todo o mundo, o Dia do Trabalhador.
As origens do Dia do Trabalhador não são muito recentes. A história deste dia começa no séc. XIX.
Nessa época, abusava-se muito dos trabalhadores, porque chegavam a trabalhar entre 12 e 18 horas por dia, o que era muito cansativo e até prejudicial à saúde!
Já há algum tempo que os reformadores sociais (aqueles que propunham reformas, ou seja, mudanças na sociedade) defendiam que o ideal era dividir o dia em três períodos: 8 horas para trabalhar, 8 horas para dormir e 8 horas para o resto, o que incluía a diversão.
Foi com o objetivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diárias que, no dia 1 de Maio de 1886, milhares de trabalhadores de Chicago (EUA) se juntaram nas ruas para protestar contra as suas más condições de trabalho. (...) Só em 1890, os trabalhadores americanos conseguiram alcançar a sua meta das 8 horas de trabalho diárias!
Em Portugal, devido ao facto de ter havido uma ditadura durante muito tempo, só a partir de Maio de 1974
(o ano da revolução do 25 de Abril) é que se passou a comemorar publicamente o Primeiro de Maio.
Sabias que só a partir de Maio de 1996 é que os trabalhadores portugueses passaram a trabalhar 8 horas por dia?

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Este mês pode ver...


Jamal Malik, um órfão de 18 anos dos bairros de lata de Bombaim, está a apenas uma pergunta de ganhar 20 milhões de rupias (cerca de 300 mil euros) na versão indiana do concurso Quem Quer Ser Milionário?. Mas a organização do jogo denuncia Malik à polícia por suspeita de fraude. Como conseguiu ele chegar à pergunta dos vinte milhões? Fez batota? É um génio? Teve sorte? Será o destino? E o que está a fazer no concurso se o dinheiro não o interessa?

Jamal conta então à polícia a história da sua vida nas ruas e todas as suas aventuras para reencontrar a rapariga que sempre amou. Mas como é que ele sabe as respostas? E o que está a fazer no concurso?

CNL 2013

No dia 17 de abril, 4 alunas da nossa Escola, Beatriz Rosa (ensino secundário), Inês Bica, Joana Ganhão e Marta Romão(3.º ciclo) participaram na fase distrital do VII Concurso Nacional de Leitura do PNL, acompanhadas pelos professores Libânia Rosa e Fernando Costa.
A prova decorreu na Biblioteca Municipal do Barreiro, na qual estiveram presentes mais de oito dezenas de alunos leitores, recebidos com toda a simpatia pelos técnicos da Biblioteca, que organizaram este evento, que foi filmado pela RTP e na sua apresentação esteve Jorge Serafim. 
“O Recruta” de Robert Muchamore e “A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho”, de Mário de Carvalho foram as obras escolhidas para o 3º ciclo. “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco, foi o livro atribuído ao secundário.
Tratou-se de uma excelente experiência para as nossas alunas, e um prémio por serem boas leitoras.




quarta-feira, 24 de abril de 2013


Liberdade


— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.   

Miguel Torga, in 'Diário XII'


Este mês pode ouvir


André Sardet é natural de Coimbra, onde nasceu no dia 8 de Janeiro de 1976, o músico que começou por ser conhecido pelo tema "O Azul do Céu", nem sempre quis escrever canções e tocar guitarra. Atualmente está casado.
Fez parte de uma banda durante a adolescência, mas pouco depois abandonou o projecto e começou a compor por conta própria, e quando se apercebeu que tinha material suficiente para gravar um disco, colocou as cartas nas mesa e em 1996 editou o seu álbum de estreia, a que chamou "Imagens". Para além de "Azul do Céu", o registo incluiu ainda canções como "Frágil", "Não Mexas no Tempo" e "Um Minuto de Prazer".
Dois anos mais tarde, estava nas lojas novo álbum de originais, desta feita intitulado "Agitar Antes de Usar", que teve por single de apresentação o tema "Perto, Mais Perto".
Sem pressa de chegar ao centro das luzes da ribalta, André Sardet optou então por fazer uma pausa mais alongada no que tocava à edição de um novo disco, tendo aproveitado para reflectir sobre os seus objectivos, estudar e viajar. Começou então a compor um álbum autobiográfico, a que chamou "André Sardet", e onde contou nas letras alguns dos bons e maus momentos da sua vida. O disco foi editado em Setembro de 2002 e contou com a colaboração de Rui Veloso, Luís Represas e Mafalda Veiga.
Em 2006 o músico comemora 10 anos de carreira com o álbum "Acústico". O registo inclui 15 músicas gravadas ao vivo no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, e uma nova versão do tema 'Quando eu te falei de Amor'. Também é autor da famosa música "Foi Feitiço". O álbum foi um enorme sucesso, tendo ultrapassado as 140 000 cópias de discos vendidos. O cantor realizou em 2007 uma grande turné por todo o país.
Em 2008 é lançado o disco "Mundo de Cartão" e em 2009 a sua versão ao vivo.
Em 2011 associa-se a causa da Associação Fonográfica Portuguesa no combate à pirataria na Internet

terça-feira, 16 de abril de 2013

A Bomba e o General


Era uma vez um átomo.
E era uma vez um general mau com uma farda cheia de galardões.
O mundo está cheio de átomos.
Tudo é feito de átomos: os átomos são pequeníssimos e, quando se juntam, formam moléculas que, por sua vez, formam todas as coisas que conhecemos.
A mãe e o pai são feitos de átomos. O leite é feito de átomos. A mulher é feita de átomos. O ar é feito de átomos. O fogo é feito de átomos. Nós somos feitos de átomos.
Quando os átomos estão juntos harmoniosamente, tudo funciona na perfeição. A vida assenta nesta harmonia.
Mas quando se consegue quebrar um átomo… e as suas partes vão bater noutros átomos, que vão bater noutros átomos ainda, e assim por aí fora… dá-se uma explosão terrível! É a morte atómica.
Pois bem, o nosso átomo estava triste, porque estava metido dentro de uma bomba atómica. Junto com outros átomos, aguardava o dia em que a bomba seria lançada e eles se quebrariam, destruindo todas as coisas.
Ora, devem saber que o mundo também está cheio de generais que passam a vida a colecionar bombas. E o nosso general enchia o sótão de bombas.
— Quando tiver muitas — dizia ele — vou fazer uma linda guerra!
E ria-se.
Todos os dias, o general subia ao sótão e punha lá uma bomba novinha.
— Quando o sótão estiver cheio — dizia ele — vou fazer uma linda guerra!
Como se pode não ser mau, quando se tem tantas bombas assim à mão?
Os átomos encerrados nas bombas estavam muito tristes. Por causa deles, ia haver uma enorme catástrofe: iam morrer tantos meninos, tantas mães, tantos gatinhos, tantas cabrinhas, tantos passarinhos, todos, afinal. Seriam destruídos países inteiros: onde antes havia casinhas brancas de telhados vermelhos e verdes árvores à volta… só ficaria um horrível buraco negro. E assim resolveram revoltar-se contra o general.
E uma noite, sem fazer barulho, saíram todos das bombas e esconderam-se na cave.
Na manhã seguinte, o general foi ao sótão com outros senhores.
Estes senhores disseram:
— Já gastámos um dinheirão para fazer estas bombas todas. Quer deixá-las aqui a ganhar bolor? O que pretende fazer, afinal?
— É verdade — respondeu o general. — Temos mesmo de começar esta guerra. Se não, nunca mais consigo fazer carreira.
E declarou guerra.
Quando se espalhou a notícia de que ia rebentar a guerra atómica, todos ficaram loucos de medo:
— Oh, se não tivéssemos deixado que os generais construíssem bombas! — diziam.
Só que era demasiado tarde. Todos fugiam das cidades. Mas onde podiam refugiar-se?
Entretanto, o general tinha carregado as suas bombas num avião e estava a lançá-las uma a uma sobre todas as cidades. Mas, quando as bombas caíram, como estavam todas vazias, não rebentaram!
E toda a gente, feliz por ter passado o perigo (até parecia mentira!), as usou como vasos de flores.
Descobriram assim que a vida era mais bela sem bombas. E decidiram nunca mais fazer guerras.
As mães estavam mais contentes. Mas também os pais. Todos, aliás. E o general?
Agora que já não havia guerras, foi despedido.
E, para utilizar a farda cheia de galardões, foi para porteiro num hotel. E como agora todos viviam em paz, vinham muitos turistas ao hotel. Até os inimigos de outrora. Até os soldados que antes o general tivera sob as suas ordens.
O general, quando entravam e saíam do hotel, abria a grande porta de vidro, fazia uma vénia ridícula e dizia:
— Bom dia, meu senhor!
E eles, que o reconheciam, diziam-lhe de muito má cara:
— Não tem vergonha? O serviço é péssimo neste hotel!
E o general ficava corado, corado, e calava-se.
Porque, agora, já não valia nada.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Conheces o autor do mês...


Umberto Eco
Escritor e homem de letras italiano, Umberto Eco nasceu a 5 de Janeiro de 1932 em Alessandria (Piemonte). Pouco se sabe sobre as suas origens e a sua infância, salvo que revelou extrema precocidade ao doutorar-se pela Universidade de Turim com apenas vinte e dois anos de idade, em 1954, apresentando para o efeito uma tese consagrada ao pensamento filosófico de São Tomás de Aquino "O Problema Estético em S. Tomás de Aquino".
Entre 1954 e 1959 desempenhou as funções de editor cultural na famosa cadeia de televisão estatal italiana RAI, leccionando também nessa altura nas universidades de Turim, Milão e Florença e no Instituto Politécnico de Milão. Com apenas trinta e nove anos de idade foi nomeado professor catedrático de Semiótica pela Universidade de Bolonha, a mais conceituada do seu país.
Começou a escrever nos finais da década de 50, contribuindo para diversas publicações periódicas com uma série de artigos que seriam reunidos em volumes como "Diario Minimo" (1963, Diário Mínimo), "Il Costume di Casa" (1973), "Dalla Periferia Dell'Impero" (1977) e "Il Secondo Diario Minimo" (1992). O seu início de actividade ficou também marcado por obras como "Opera Aperta" (1962) e "Apocalittici E Integrati" (1964, Apocalípticos e Integrados).
Mantendo uma carreira editorial bastante completa e activa, Eco não deixou de publicar estudos académicos sobre Estética, Semiótica e Filosofia, dos quais se podem destacar "La Definizione Dell'Arte" (1968), "Le Forme Del Contenuto" (1971), "Trattato Di Semiotica Generale" (1976), "Come Si Fa Una Tesi Di Laurea" (Como Fazer Uma Tese de Doutoramento, 1977) e "Arte E Bellezza Nell'Estetica Medievale" (1986), obra que lhe valeu vários e conceituados prémios literários. Em 1980 publicou o seu primeiro romance, "Il Nome Della Rosa" (O Nome da Rosa), obra que foi imediatamente considerada como um clássico da literatura mundial. Contando as andanças de um monge do século XIV que é chamado a uma abadia beneditina para solucionar um crime, Eco restabelecia a velha contenda entre o mundo material e o espiritual.
A obra foi adaptada com sucesso para o cinema em 1986, pela mão do realizador Jean-Jacques Annaud.
Bastante popular, sobretudo nos meios mais eruditos foi o seu segundo romance, "Il Pendolo Di Foucault" (1988, O pêndulo de Foucault), em que Eco contrapunha o hermetismo e a cosmologia aos potenciais da informática e aos perigos do crime organizado.
O público acolheu com mais modéstia "L'Isola Del Giorno Prima" (1995, A Ilha do Dia Antes), romance em que Roberto della Griva, um aristocrata do século XVII, desperta numa embarcação à deriva no Pacífico Sul, e "Baudolino" (2000, Baudolino), obra também pertencente ao género do romance histórico.


Este mês podes ler...


Um estudioso descobre casualmente a tradução francesa de um manuscrito do século XIV: o autor é um monge beneditino alemão, Adso de Melk, que narra, já em idade avançada, uma perturbante aventura da sua adolescência, vivida ao lado de um franciscano inglês, Guilherme de Baskerville.
Estamos em 1327. Numa abadia beneditina reúnem-se os teólogos de João XXII e os do Imperador. O objecto da discussão é a pregação dos Franciscanos, que chamam a igreja à pobreza evangélica e, implicitamente, à renúncia ao poder temporal.
Guilherme de Baskerville, tendo chegado com Adso pouco antes das duas delegações, encontra-se subitamente envolvido numa verdadeira história policial. Um monge morreu misteriosamente, mas este é apenas o primeiro dos sete cadáveres que irão transtornar a comunidade durante sete dias. Guilherme recebe o encargo de investigar esses prováveis crimes. O encontro entre os teólogos fracassa, mas não a investigação do nosso Sherlock Holmes da Idade Média, atento decifrador de sinais, que através de uma série de descobertas extraordinárias, conseguirá no final encontrar o culpado nos labirintos da Biblioteca.

terça-feira, 9 de abril de 2013

O Amor, Meu Amor


Nosso amor é impuro
como impura é a luz e a água
e tudo quanto nasce
e vive além do tempo.

Minhas pernas são água,
as tuas são luz
e dão a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não sofrer.

E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.

E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.

Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.

Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha própria espera.

Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir em ti.

E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho teu.

E levito, voo de semente,
para em mim mesmo te plantar
menos que flor: simples perfume,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.

Teus olhos inundando os meus
e a minha vida, já sem leito,
vai galgando margens
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar.

Mia Couto, in "idades cidades divindades"

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Concurso "Mar de Frases"


No âmbito da “Semana da Leitura” a nossa Biblioteca promoveu conjuntamente com o Grupo de Educação Visual o concurso “Mar de Frases”. Participaram vários alunos das turmas do 7º, 8º e 9º anos com trabalhos que mostraram bem a sua motivação em relação aos temas Mar e Leitura.
Os prémios a atribuir, um para cada ano de escolaridade, foram atribuídos aos seguintes alunos: Francisco Santos do 7º A, Bruna Correia do 8º B e Shara Oliveira do 9º A.
Parabéns a todos os alunos que participaram!



terça-feira, 2 de abril de 2013

O Trigo Mourisco


Muitas vezes, após uma trovoada, ao passar-se por um campo de trigo mourisco, pode ver-se como ficou todo
chamuscado. É como se o fogo tivesse passado por ele e o camponês dá-nos a explicação seguinte: "Foi um raio!" Mas porquê? Pois vou contar-lhes o que disse a um pardal um velho salgueiro que se encontrava perto dum campo de trigo mourisco e ainda lá está. É um salgueiro grande e venerável, mas enrugado e velho, um pouco rachado ao meio, com uma fenda onde crescem ervas e sarças. A árvore está um pouco tombada para a frente, e os ramos pendem para o solo, como se fossem uma longa cabeleira verde.
Em toda a volta havia campos de cereal, de centeio, de cevada e de aveia, a bela aveia que, quando está sazonada, parece um enorme bando de pequeninos canários amarelos pousados num ramo. Os cereais são assim uma bênção de Deus e quanto mais pesados estão, mais baixos se inclinam em humildade.
Mas havia também um campo de trigo mourisco, bem perto do velho salgueiro, que não queria nunca inclinar-se como os outros cereais; sempre se mantinha direito, orgulhoso e altivo.
— Sou tão rico como a espiga de trigo — disse ele. — Sou, além disso, mais bonito. As            15 minhas flores são tão belas como as da macieira, e é um regalo olhar para mim e para a minha floração. Conheces algo de mais belo, velho salgueiro? O salgueiro abanou a cabeça, como quem diz "pois claro que conheço", mas o trigo mourisco inchou de orgulho e exclamou: — Árvore estúpida, tão velha estás que te crescem ervas na barriga!
Então rebentou uma terrível trovoada. Todas as flores dobraram as folhas ou inclinaram as cabeças, enquanto passava a trovoada sobre elas. Só o trigo mourisco continuava com a cabeça erguida, no seu orgulho.
— Abaixa a cabeça, como nós! — disseram as flores.
— Não tenho nenhuma necessidade disso! — respondeu o trigo mourisco.
— Abaixa a cabeça como nós! — gritou o trigo. — Vem aí o Anjo da Tempestade! Tem asas e com elas alcança tanto o céu lá em cima como a terra cá em baixo. Pode ceifar-te sem teres sequer tempo de pedir-lhe mercê.
— Está bem, mas eu não vergo! — retorquiu o trigo mourisco.
— Anda, fecha as flores e dobra as folhas! — disse o velho salgueiro. — Não olhes para cima, para os raios, quando as nuvens rebentam. Nem os próprios homens o podem fazer, pois que por eles é possível olhar para dentro do Céu, mas isso é bastante para os cegar. E o que nos aconteceria a nós, plantas da terra, se o ousássemos fazer, nós que somos muito menos?
— Muito menos? — disse o trigo mourisco. — Pois vou mesmo olhar para dentro do Céu! E foi isso que fez, com presunção e orgulho. Caiu então uma faísca tão grande que parecia que toda a terra ardia em chamas.
Quando o mau tempo passou, sentiram-se as flores e os cereais numa atmosfera calma e pura, refrescada pela chuva; mas o trigo mourisco ficara completamente queimado, reduzido a carvão pelo raio. Era agora uma erva inútil e morta no campo.
O velho salgueiro agitava os ramos ao vento e deixava tombar grandes gotas de água das suas folhas verdes, como se chorasse. Os pardais perguntaram-lhe:
— Porque estás a chorar? Não é tudo maravilhoso? Repara como brilha o sol e deslizam as nuvens. Não sentes o perfume das flores e dos arbustos? Porque choras, pois, velho salgueiro?
Então, o salgueiro falou-lhes do orgulho e da presunção do trigo mourisco e do seu castigo. É sempre assim. Eu, que escrevi este conto, ouvi-o duns pardais. Contaram-mo uma tarde em que lhes pedi uma história.

Hans Christian Andersen