José Régio pseudónimo de José
Maria dos Reis Pereira, (Vila do Conde, 17 de Setembro de 1901 — Vila do Conde,
22 de Dezembro de 1969) foi um escritor português que viveu grande parte da sua
vida na cidade de Portalegre (de 1928 a 1967). Foi possivelmente o único
escritor em língua portuguesa a dominar com igual mestria todos os géneros
literários: poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta,
cronista, jornalista, crítico, autor de diário, memorialista, epistológrafo e
historiador da literatura, para além de editor e diretor da influente revista
literária Presença, desenhador, pintor, e grande colecionador de arte sacra e
popular. Foi irmão do poeta, pintor e engenheiro Júlio Maria dos Reis Pereira.
Bem vindos ao blogue da Biblioteca da Escola Secundária António Inácio da Cruz em Grândola.
sexta-feira, 25 de maio de 2012
Este mês sugerimos ouvir...
Bernardo Sassetti
pianista e compositor. Era casado com a atriz Beatriz
Batarda, de quem teve duas filhas. Compôs muito para cinema, gravou com a
London Philarmonic Orchestra (e com Sting), e deixa uma discografia importante,
da se qual destaca Piano a quatro mãos (2003, com Mário Laginha), Livre (2004),
Ascent (2005), Três pianos (2007, com Laginha e Burmester), e Second Life
(2009). Como músico, participou no filme O Talentoso Mr Ripley (1999), de
Anthony Minghella: era o pianista de jazz do septeto napolitano.
Este mês sugerimos ver...
FELIZMENTE HÁ LUAR
Baseada na tentativa frustrada de
revolta liberal em 1817, supostamente encabeçada por Gomes Freire de Andrade,
Felizmente Há Luar! recria em dois atos a sequência de acontecimentos
históricos que em Outubro desse ano levou à prisão e ao enforcamento de Gomes Freire
pelo regime de Beresford, com o apoio da Igreja, sublinhando um apelo épico (e
ético) politicamente empenhado e legível à luz do que era Portugal nos anos 60.
Chamando a atenção para a injustiça
da repressão e das perseguições políticas, a peça – designada por
"apoteose trágica" pelo Autor – esteve proibida até 1974 e foi pela
primeira vez levada à cena apenas em 1978, no Teatro Nacional, numa encenação
do próprio Sttau Monteiro.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
A janela e a montanha
A janela abria para a frente, para fora, para o ar lavado da
montanha.
Quem dormisse naquele quarto, ao saltar da cama, de manhã,
abria a janela de dois batentes como se estivesse a respirar fundo. Enchia os
pulmões de ar e os olhos de claridade. Era o primeiro exercício de ginástica.
Podia ficar por aqui, de cotovelos sobre o parapeito, a
apreciar a paisagem. Ou podia voltar para dentro, com um pequeno arrepio de
prazer.
A janela, que abria para fora, até nem se importava que voltassem
a fechá-la. Tinha cumprido a sua missão. Dera, de longe, um primeiro abraço à
montanha. Não pedia mais.
Eram muito amigas a montanha e a janela. Não podiam passar uma
sem a outra. A janela emoldurava a montanha, por sinal que o seu lado mais
fotogénico. A montanha sentia-se protegida por aquela janela prazenteira,
sorridente, aberta de par em par.
Mas aconteceu que a estalagem, a que pertencia a janela,
fechou. De vez. Falta de clientes, cansaço do dono ou fosse do que fosse,
fechou. Portas e janelas trancadas.
A montanha olhava para a janela e sentia saudades. Cá em
baixo, no vale, ouviam-na suspirar e diziam:
— É o vento da montanha.
Mas não era. Até a paisagem entristecia.
Da janela e do seu sentir não podemos saber. Pois se estava
fechada. Só aberta, toda aberta de alegria é que ela era uma verdadeira janela.
A montanha convocou os ventos para que eles abrissem a sua
janela, sem a qual nem as manhãs de orvalho apeteciam nem as tardes rubras do
pôr-do-sol nem as noites alucinadas pela Lua Cheia.
— Para quê, para quê, se não tenho a minha janela a ver-me? —
murmurava a montanha, inconsolável.
Mas os vendavais da montanha por mais esforços que fizessem,
por mais empurrões que dessem não conseguiam abrir a janela. Impossível. Ela só
abria para fora.
Desistiram. Não desistiu a montanha, que chorou, noites e
noites a fio, a perda da sua janela.
Depois da época das chuvas, voltou o bom tempo. Romperam os
malmequeres, no jardim abandonado da estalagem. A montanha cobriu-se de veludo
roxo, que era uma maciça penugem de pétalas sobre o chão de urze. Começou a
cheirar a rosmaninho.
— Parece que vão reabrir a estalagem, com nova gerência —
contava-se, no vale.
E assim aconteceu. Quando a janela abriu as suas duas
portadas, a abarcar a montanha, fez-se um grande silêncio.
— Olá, montanha — disse a janela.
— Olá, janela — disse a montanha.
Como se ainda ontem se tivessem visto… Mas ficaram que tempos,
que tempos, a olhar uma para a outra.
António Torrado
O coração das coisas
terça-feira, 22 de maio de 2012
Dia do Autor Português
O Dia do Autor Português é, hoje,
assinalado em todo o país por diversas instituições. Trata-se de uma iniciativa
promovida, desde 1982, pela Sociedade Portuguesa de Autores - SPA, como forma
de homenagear todos os criadores portugueses nas várias áreas artísticas e
culturais.
Para comemorar esta efeméride a biblioteca organizou um concurso sobre autores portugueses que irá decorrer até ao próximo dia 25. Concorre e poderás ganhar prémios!
sábado, 19 de maio de 2012
Este mês sugerimos o livro...
Do mesmo
autor do thriller "A Ameaça", chega-nos o primeiro volume de
um arrebatador romance histórico que se revelou ser uma obra-prima aclamada
pela comunidade de leitores de vários países que num verdadeiro fenómeno de
passa-palavra a catapultaram para a ribalta. Originalmente publicado em 1989,
veio para o nosso país em 1995, publicado por outra editora portuguesa,
recuperando-o agora a Presença para dar continuidade às obras de Ken Follett. O
seu estilo inconfundível de mestre do suspense denota-se no desenrolar
desta história épica, tecida por intrigas, aventura e luta política. A trama
centra-se no século XII, em Inglaterra, onde um pedreiro persegue o sonho de
edificar uma catedral gótica, digna de tocar os céus. Em redor desta ambição
soberba, o leitor vai acompanhando um quadro composto por várias personagens,
colorido e rico em ação e descrição de um período da Idade Média a que não
faltou emotividade, poder, vingança e traição. Conheça o trabalho de um
autêntico mestre da palavra naquela que é considerada a sua obra de eleição.
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Viajar! Perder países!
Viajar!
Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Fernando Pessoa
segunda-feira, 14 de maio de 2012
terça-feira, 8 de maio de 2012
Dia da Europa
A Europa Comunitária nasceu a 9 de maio de 1950, em Paris, a partir da proposta de jean Moreau e Robert Schuman. Por isso, desde a cimeira de Milão de 1985 que os Estados Comunitários celebram o 9 de maio como dia da Europa.
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quinta-feira, 3 de maio de 2012
O piano velho
Os seus dedos, macios de veludo, seguram-me a tampa, encostam-na, com
cuidado, à parte de trás. Dois panos do pó que um dia a avó bordou, que me
tapam e protegem as teclas, são atirados para cima da escrivaninha, ao meu
lado, onde ela costuma sentar-se a estudar e a ler.
É então que sinto as cordas do meu coração quase a estoirar de alegria,
pois que é agora que lhe posso dizer tudo o que me vai na alma!!!
Os seus deditos a medo, titubeantes, começam a arrancar os primeiros
acordes. E eu a fazer todo o possível para que tudo saia bem e ela não desista
e me tape outra vez. Que esforço eu faço!… Mas alguns dos meus dentes brancos
já não correspondem totalmente ao acorde que ela pretende. E eu esforço-me…
Ela levanta-se, e eu penso sempre, de cada vez, que se vai embora, que já
não quer mais,… mas não! São sobressaltos do vem-que-não-vem, do
fica-que-não-fica,… mas a vida é isso mesmo!
Só que desta vez ela não foi. Procurou apenas a partitura de Beethoven.
Que lindo! Toda a minha sensibilidade se motiva e canaliza nesta bonita
sonata. Todo eu estou ali, inteiro, a dar o meu melhor; eu e ela numa música
só, em uníssono, na produção da música-vida-beleza que Beethoven nos deu.
São os meus melhores momentos…! Em que eu dou conta que sou mais que um
simples móvel de quarto…; em que sinto que faço parte da vida presente-futuro
dela, pois sou eu que a ajudo a criar, a ser capaz de transmitir a todo o
universo o que sente, o que lhe vai na alma e que lhe sai pelas pontas dos
dedos.
Quando ela acaba, e me tapa outra vez, já não me importa! Demos a nossa
contribuição à vida, por hoje.
O que me entristece e me faz infeliz, isso sim, é o facto de ela deixar o
amanhã para depois de amanhã. O de ela, pequenina ainda, não compreender que a
vida se vive em cada minuto, que o dia que passa se não recupera mais!
Mas só lho posso dizer através dela e é ela que tem de o compreender
sozinha, enquanto eu, fechado, tapado, espero o toque da sua mão.
Gabriela
Carvalho
A caixinha de Memórias
(adaptado)
A caixinha de Memórias
(adaptado)
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Três mil filmes para ver no YouTube
O YouTube disponibilizou um canal com aproximadamente três mil filmes on-line. O projeto, que havia sido interrompido, voltou ao ar no mês de agosto. A lista traz desde clássicos absolutos, que fizeram a história do cinema na primeira metade do século passado, até filmes recentes que ficaram famosos em festivais independentes. O canal também traz filmes “trash” do cinema indiano, jamaicano e nigeriano. Todos os filmes estão em inglês, mas legendas em 30 idiomas podem ser ativadas no próprio Youtube. Alguns destaques do canal: “O Nascimento de Uma Nação”, filme mudo estadunidense de 1915 co-escrito, coproduzido e dirigido por D. W. Griffith, baseado no romance “The Clansman”, de Thomas Dixon. “O Gabinete do Doutor Caligari”, a primeira grande obra do expressionismo alemão, dirigido por Robert Wiene em 1920. “Nosferatu”, de F. W. Murnau, outro clássico do expressionismo alemão, realizado em 1922. “O couraçado Potemkin”, de Sergei Eisenstein, filme soviético de 1925 que retrata a revolução russa de 1905. “A General”, a obra-prima de Buster Keaton, realizado em 1927. “M”, o primeiro filme do cineasta alemão Fritz Lang e um dos filmes mais influentes da história do cinema. “Daqui a Cem Anos”, de Alexander Korda, produzido em 1936 e considerado a primeira superprodução de ficção científica da história; e “O Estranho”, drama noir escrito, dirigido e estrelado por Orson Welles em 1946. O canal também traz clássicos recentes como “Slacker”, de 1991, filme de estreia de Richard Linklater; o premiadíssimo “Pão e Tulipas”', realizado em 2000, pelo diretor italiano Silvio Soldini; e “The Conspirator”, filme independente de Robert Redford, produzido em 2010, que narra o julgamento de Mary Surratt, mãe de um dos homens que ajudou a planejar o assassinato de Abraham Lincoln. Outro destaque do canal é o documentário “Home”, do fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand, que retrata a terra por meio da visão de um pássaro, sobrevoando mais de 50 países e mostrando as fragilidades do planeta. Para acessar:
http://bit.ly/nacjoa